As negociações de paz na Síria entre emissários do presidente Bashar al-Assad e representantes dos rebeldes começaram nesta segunda-feira em Astana, capital do Cazaquistão, apesar da negativa de última hora dos rebeldes de negociar frente a frente com o regime.
A primeira sessão foi aberta pelo ministro cazaque de Relações Exteriores, Kairat Abdrajmanov, ante as duas delegações reunidas em uma mesma sala ao redor de uma grande mesa circular no hotel Rixos de Astana.
"Este encontro é uma demonstração flagrante dos esforços da comunidade internacional rumo a uma solução pacífica da situação na Síria", afirmou Abdrajmanov ao ler uma declaração do presidente cazaque, Nursultan Nazarbaiev.
"O único caminho para solucionar esta situação na Síria deve ser o das negociações, baseada na confiança e compreensão mútuas", acrescentou.
Pouco antes do início da reunião, os rebeldes sírios disseram à AFP que se negavam a negociar diretamente com os emissários do presidente Bashar al-Assad.
"A primeira sessão de negociações não será cara a cara, já que o governo não respeitou até agora o que assinou em 30 de dezembro", declarou o porta-voz da delegação rebelde, Yehya al Aridi, em referência ao frágil cessar-fogo na Síria apadrinhado por Rússia e Turquia.
Os rebeldes criticam principalmente as forças governamentais por seguir adiante com os combates em Wadi Barada, uma zona ao norte de Damasco chave para o abastecimento de água da capital síria.
Durante a noite foram registrados combates neste lugar, assim como na região em torno de Damasco, onde o exército sírio retomou o cerco de Madaya, cidade sob controle rebelde próxima à fronteira com o Líbano, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Nove civis, incluindo seis crianças, morreram no domingo em bombardeios realizados pela aviação do regime na província rebelde de Homs, segundo a mesma fonte.
As negociações desta segunda-feira no hotel Rixos de Astana reúnem pela primeira vez o regime de Bashar al-Assad e os combatentes rebeldes.
Nas tentativas infrutíferas de negociação em Genebra em 2012, 2014 e 2016, diante dos emissários do regime se sentaram opositores políticos sírios, muitos deles exilados.
Nas negociações de Astana, agora estes opositores se veem relegados a um papel de conselheiros a serviço dos rebeldes.