O Senado dos Estados Unidos confirmou, nesta quarta-feira (8), o senador Jeff Sessions como novo procurador-geral (cargo equivalente a secretário de Justiça), ao fim de uma queda de braço por seu passado, marcado por denúncias de bloqueio ao voto de eleitores negros.
Por 52 votos a 47, os senadores aprovaram Sessions no Departamento de Justiça, placar que deixa bem clara a falta de consenso sobre a escolha feita pelo presidente Donald Trump para o Departamento de Justiça.
Senador ultraconservador do estado do Alabama (sul) e defensor da política de "linha dura" com os imigrantes em situação irregular, Sessions é visto como a principal inspiração de Trump na elaboração de suas políticas para essa comunidade.
Na campanha à Presidência de 2016, Sessions foi um dos primeiros a se alinhar com Trump.
Ele é o sexto integrante do gabinete a ser confirmado pelo Senado. O presidente já criticou várias vezes a lentidão da Casa em confirmar seus indicados.
Agora, Sessions está autorizado a assumir o comando do enorme Departamento de Justiça, que conta com cerca de 113.000 funcionários.
Os debates sobre a nomeação de Sessions tiveram momentos de extrema tensão.
Em um deles, a democrata Elizabeth Warren lia uma carta escrita em 1986 por Coretta King, a viúva de Martin Luther King, com duras críticas ao senador Sessions, mas foi intimada a interromper seu discurso e voltar para sua cadeira.
O líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, apelou a um artigo raramente usado no regulamento da Câmara, que veta comentários altamente críticos de um senador para outro, para pedir que o discurso fosse interrompido.
"A senadora deve retomar seu assento", indicou o senador Steven Daines, em um gesto que gerou um enorme escândalo e, hoje, tornou-se o centro das discussões sobre Sessions.
Embora não seja raro um senador fazer objeções a declarações de outro membro dessa Câmara, o pedido para que Warren fosse interrompida e voltasse para seu lugar foi um gesto poucas vezes visto no Congresso americano.
Hoje, o senador Bernie Sanders pediu a palavra e leu por inteiro a carta escrita por Coretta King. Desta vez, porém, nenhum senador conservador apresentou moção de censura.
Outro senador democrata, Sheldon Whitehouse, considerou "inaceitável" o que aconteceu com Warren.
Já o senador conservador Horrin Hatch lembrou que os legisladores devem se tratar com respeito, "ou isso vai virar um selva".
A viúva de Luther King escreveu a carta quando Sessions era candidato a um posto de juiz federal no estado do Alabama. De acordo com a carta, Sessions usava "seu poder para intimidar e ameaçar eleitores negros".