O herdeiro do grupo empresarial Samsung, Lee Jae-Yong, foi detido nesta sexta-feira (17) no âmbito da investigação por corrupção e tráfico de influência que provocou o impeachment da presidente sul-coreana Park Geun-Hye.
Vice-presidente da Samsung Electronics e filho do presidente do grupo, Lee Jae-Yong é acusado pelo pagamento de quase 40 milhões de dólares em subornos à melhor amiga de Park para obter favores políticos.
"Está demonstrado que é necessário prender [Lee Jae-Yong], à luz de uma nova acusação e de novas provas", indicou um porta-voz da Justiça em um comunicado.
Ele já estava em um centro de detenção, depois de comparecer a um tribunal na quinta-feira, à espera da decisão judicial sobre se seria necessário emitir uma ordem de prisão contra ele.
Após a detenção, a Samsung emitiu um comunicado cauteloso no qual afirma que a empresa fará "todo o possível para assegurar que a verdade seja revelada nos futuros processos judiciais".
O herdeiro do maior grupo empresarial sul-coreano, de 48 anos, já havia sido interrogado várias vezes por seu suposto papel no escândalo. No mês passado, escapou de ser detido depois que um tribunal determinou não haver provas contra ele.
Mas a Promotoria voltou a pedir sua detenção na terça-feira, alegando que surgiram novas evidências nas últimas semanas.
A detenção, a primeira de um executivo da Samsung, pode afetar todo o conglomerado, que representa 20% da economia sul-coreana e inclui a maior fabricante mundial de smartphones, a Samsung Electronics.
O grupo mal se recupera do duro golpe sofrido com a retirada de seu principal modelo, o Samsung Galaxy Note 7, devido a um problema na bateria de alguns aparelhos que chegaram a pegar fogo.
O pai e o avô de Lee tiveram problemas com a jsutiça em diversas oportunidades, mas nunca foram detidos.
O escândalo de corrupção gira em torno de Choi Soon-Sil, confidente de Park Geun-Hye, que está sendo julgada por ter usado sua relação com a presidente destituída para obrigar grandes conglomerados sul-coreanos a pagar milhões de dólares às suas duas fundações privadas supostamente beneficentes. Os recursos eram usados, contudo, para fins pessoais.
A Samsung foi a empresa mais generosa, com a doação de 20 bilhões de wons (17 milhões de dólares) às fundações de Choi e uma verba de milhões de euros para financiar treinamentos na Alemanha para ginetes sul-coreanos, incluindo a filha da amiga da então presidente.
O pagamento foi realizado, supostamente, em troca do apoio do governo à fusão de duas filiais da Samsung, um movimento crucial para a transferência a Lee dos poderes da empresa.
A Samsung afirmou na quarta-feira que "não pagou nenhum subornou nem fez saber nenhuma demanda de favores inapropriados à presidente".
Lee se tornou o presidente de fato da Samsung depois que seu pai sofreu um ataque cardíaco em 2014.
Desde que o caso explodiu, mais de dez pessoas foram detidas, incluindo Choi, os ex-ministros da Cultura e de Assuntos Sociais, um ex-diretor do gabinete presidencial e um professor universitário.
A detenção de Lee representa um duro revés para a presidente, afastada do cargo em 9 de dezembro pela Assembleia Nacional.
Park está em meio a uma complicada batalha com a Corte Constitucional, que precisa confirmar ou não a destituição. O tribunal deve encerrar as audiências na próxima sexta-feira, mas analistas acreditam que a decisão não deve ser anunciada antes de 10 de março.
Se a destituição for confirmada, o país deve organizar eleições presidenciais antecipadas em 60 dias. Se o tribunal não confirmar o afastamento, Park recuperará os poderes executivos e concluirá o mandato em fevereiro de 2018, como estava previsto.