Ex-presidente: acordo de paz com as Farc está ameaçado pela Odebrecht

O ex-presidente colombiano diz que o suposto pagamento à guerrilha seria parte de uma estratégia da companhia e dos governos de esquerda
Estadão Conteúdo
Publicado em 06/03/2017 às 16:45
O ex-presidente colombiano diz que o suposto pagamento à guerrilha seria parte de uma estratégia da companhia e dos governos de esquerda Foto: Foto: Arquivo


O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe afirmou que o fato de que a Odebrecht teria feito pagamentos às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) se soma a outros aspectos que tiram a legitimidade do acordo de paz fechado entre a guerrilha e o governo de Juan Manuel Santos. Um opositor ferrenho da iniciativa e inimigo político de seu outrora aliado Santos, Uribe falou sobre o caso em um vídeo veiculado em sua conta no Facebook.

A fala de Uribe foi feita após a revista Veja ter publicado que a Odebrecht teria reconhecido que fez pagamentos às Farc durante duas décadas, em troca da segurança para realizar suas obras. De acordo com a agência France Presse, porém, a construtora divulgou comunicado no qual nega que tivesse realizado pagamentos às Farc.

O ex-presidente colombiano diz que o suposto pagamento à guerrilha seria parte de uma estratégia da companhia e dos governos de esquerda do Brasil. "Parece que tem razão aqueles que afirmam que a enorme riqueza da Odebrecht estava em função da destruição da democracia e da implantação do socialismo do Foro de São Paulo", disse Uribe. Para o ex-líder, a construção do porto de Mariel em Cuba, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apenas foi uma estratégia para "dissimular o presente de Lula a Castro", referindo-se ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e ao líder cubano, Raúl Castro.

Financiamento do terrorismo

Uribe afirma que, na Colômbia, o financiamento ao terrorismo não foi exclusividade da Odebrecht e que outras empresas estrangeiras teriam feito pagamentos anteriormente às Farc e ao Exército de Libertação Nacional (ELN).

O ex-presidente afirma que os líderes das Farc devem ser responsabilizados por seus crimes. Uribe cita várias razões que para ele tiram legitimidade do acordo: além dos supostos pagamentos da Odebrecht, o fato de o governo ter perdido o plebiscito sobre o tema; a impunidade resultante; e o desrespeito à Constituição. "As Farc não terão de devolver o dinheiro, enquanto muitos colombianos serão levados à inquisição do terrorismo para ser julgados por ter sido extorquidos por paramilitares", comparou.

No vídeo, Uribe também convoca os colombianos para uma manifestação em 1º de abril, contra o que ele qualifica como "abusos econômicos e tributários" de Santos e seus aliados.

 

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