Diferença salarial entre homens e mulheres só deve desaparecer em 2152

Dado foi resultado de uma projeção feita nos Estados Unidos e divulgada pela Associação Americana de Mulheres Universitárias
ABr
Publicado em 08/03/2017 às 7:18
Dado foi resultado de uma projeção feita nos Estados Unidos e divulgada pela Associação Americana de Mulheres Universitárias Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Mesmo após mais de um século de luta por igualdade de condições entre homens e mulheres nos Estados Unidos, elas só deverão ter salários equiparados aos deles daqui a 135 anos, em 2152, segundo projeção divulgada na semana passada pela Associação Americana de Mulheres Universitárias (American Association of University Women – AAUW).

O estudo Simple Truth about the Gender Pay GAP (A Simples Verdade Sobre a Desigualdade Salarial de Gêneros, em tradução livre) aponta que, em 2015, as trabalhadoras em tempo integral nos Estados Unidos ganhavam 80% menos que os homens.

Apesar do valor menor, o salário já era reflexo de melhorias constantes para as mulheres no período de 1960 até 2000. Entretanto, desde 2001, observa-se maior lentidão na tentativa de deixar os salários menos desiguais – o que só permitiria que fossem igualados em 2152.

De acordo com o estudo, a diminuição das desigualdades registradas de 1960 em diante estava diretamente ligada ao aumento da escolaridade das mulheres.

O estudo mostra que a brecha salarial, o chamado “gap” (em inglês), tem efeitos negativos financeiros duradouros. Em 2015, 14% das mulheres norte-americanas entre 18 e 64 anos de idade, viviam abaixo da linha de miséria, enquanto esse percentual entre os homens é de 11%.

Mudanças nas estruturas familiares também têm afetado a vida das mulheres. Em 2012, a proporção de mulheres chefes de família atingiu o patamar de 40%. Por isso, diz o documento, os índices de pobreza aumentaram, porque cada vez mais mulheres passam a sustentar sozinhas a família, sem uma melhoria salarial equiparada à condição dos trabalhadores.

Sem igualdade

Em outra estimativa baseada na participação por gênero, o Centro de Pesquisa Pew Reseacher avalia que a participação das mulheres no mercado de trabalho deve atingir o percentual máximo em alguns anos, mas deve seguir uma tendência de ser sempre minoria e nunca chegar aos 50% da força laboral norte-americana.

A conclusão do Pew Reseacher baseou-se em números oficiais do Bureau of Labor Statistist. Na análise do centro de pesquisa, a participação de mulheres no mercado vem crescendo e poderá atingir o pico de 47,5% em 2025 e depois começar a diminuir.

A pesquisa mostra que o crescimento das mulheres como força de trabalho foi constante até o começo dos anos 2000. Depois iniciou-se um período de estagnação e ligeira queda.

Durante a década de 1960, a força de trabalho das mulheres aumentou, em média, três vezes mais rápido que a masculina. Em 2000, 59,9% das mulheres estavam no mercado de trabalho, contra 37,7% em 1960.

Mas após os anos 2000 iniciou-se um declínio. Para os pesquisadores, a principal razão é a maternidade. Mães com filhos menores de 18 anos têm menos possibilidade de ter um trabalho em tempo integral.

Nos Estados Unidos, a educação só é universal e gratuita a partir dos 5 anos, na pré-alfabetização. A mãe que trabalha fora e tem filhos pequenos precisa pagar por serviços de creche ou babás que costumam ser caros no país.

Várias mulheres abandonam o trabalho nesta fase ou partem para funções de meio-período, que dificilmente levam a promoções internas nas empresas.

Jennifer Marilyson, de 34 anos, têm dois filhos: uma de 4 anos e outro de 1 ano e meio.

Ela conta que deixou o cargo de gerente de banco quando engravidou da filha mais velha.

“No começo, eu pensei em ficar. Mas a licença maternidade era de 14 semanas e eu fiquei muito triste de ter de deixar minha filha.”

Ela disse que conversou com o marido e, depois de fazer várias contas, viu que seria mais caro pagar um serviço para cuidar da filha pequena do que ficar em casa.

Jennifer diz que não se arrependeu no começo e que olhava para a filha pequena e sentia que havia feito a escolha certa. Mas depois, ao engravidar do segundo filho, ela  viu mais distante o projeto de voltar a trabalhar.

“Eu queria ter outro filho, mas se eu não conseguia pagar creche para um, imagine para dois”, disse, sorrindo.

Jennifer agora espera voltar a trabalhar quando seu filho mais novo completar 5 anos e meio, idade necessária para a entrada no “kindergarden”, jardim de infância das escolas públicas norte-americanas.

Ela diz que até lá terá completado pelo menos nove anos fora do mercado de trabalho.

“Às vezes eu sinto falta de trabalhar. E penso que é muito cruel. Como gerente, eu ganhava menos que outros gerentes homens e, agora, quando eu voltar a trabalhar, tenho que começar tudo de novo, provavelmente, ganhando menos de novo e eles vão estar à frente”, comenta.

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