Estados Unidos lançam mísseis contra a Síria

O bombardeio uma resposta militar após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou indignação na comunidade internacional
JC Online e AFP
Publicado em 06/04/2017 às 22:28
O bombardeio uma resposta militar após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou indignação na comunidade internacional Foto: Marinha dos EUA/AFP


Os Estados Unidos lançaram aproximadamente 70 mísseis Tomahawks em direção à Síria nesta quinta-feira (6). Os mísseis partiram do Mar Mediterrâneo, em direção a alvos estratégicos na Síria, no Oriente Médio. Este é o primeiro ataque direto dos Estados Unidos contra o governo do presidente Bachar Al Asad desde o início da guerra civil no país

O presidente americano, Donald Trump, declarou que o ataque foi "vital para a segurança nacional", recordando que Assad atacou com gás neurotóxico "homens, mulheres e crianças indefesos".

"Na terça-feira, o ditador sírio, Bashar al Assad, lançou um horrível ataque com armas químicas contra civis inocentes usando um agente neurológico mortal", declarou Trump em mensagem pela TV.

"Esta noite, peço a todos os países civilizados que se unam a nós para buscar o fim do derramamento de sangue na Síria e também para acabar com o terrorismo, de qualquer tipo". "Esperamos que enquanto os Estados Unidos defenderem a justiça; a paz e a harmonia prevaleçam no final".

O ataque americano ocorre pouco mais de um dia depois de um bombardeio com armas químicas ter matado dezenas de pessoas no norte da Síria. Uma fonte do Pentágono informou que 70 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram disparados contra a base aérea de Shayrat, de onde segundo Washington partiu o ataque químico, que deixou 86 mortos, incluindo várias crianças.

"Para este ataque, o regime de Assad utilizou um agente neurotóxico com as características do sarin", declarou o funcionário. Em resposta, "59 mísseis" atingiram a base aérea de Shayrat, que está "associada ao programa" sírio de armas químicas e "diretamente vinculada" aos "horríveis" acontecimentos de terça-feira.

A TV estatal em Damasco qualificou o ataque de "agressão americana contra alvos militares sírios com diversos mísseis".

Um alto funcionário da Casa Branca, que pediu para não ser identificado, disse que "o regime de Assad utilizou um agente neurotóxico com características do (gás) sarin", e que os EUA retaliaram lançando 59 mísseis de cruzeiro contra uma base aérea.

Washington informou Moscou sobre ataque à Síria

Os Estados Unidos advertiram a Rússia sobre o ataque a uma base aérea na Síria, informou o Pentágono na noite desta quinta-feira.

"As forças russas foram alertadas antes do ataque através da linha estabelecida", disse o comandante Jeff Davis, porta-voz do Pentágono.

"Os estrategistas militares americanos tomaram as precauções necessárias para minimizar os riscos do pessoal ruso ou sírio estacionado na base aérea".

Ameaça

Os Estados Unidos ameaçaram a Síria nesta quinta-feira (6) com uma resposta militar após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou indignação na comunidade internacional. "O que Assad fez é terrível", disse o presidente dos EUA, Donald Trump. "O que aconteceu na Síria é uma vergonha para a humanidade e está no poder, então penso que qualquer coisa pode acontecer".

Horas antes, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, havia prometido "uma resposta apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas internacionais". "O papel de Assad no futuro é incerto com os atos que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês, Xi Jinping.

Um funcionário americano revelou que o Pentágono apresentava à Casa Branca uma série de possíveis ações militares que os Estados Unidos poderiam adotar em resposta ao suposto ataque químico na Síria. O funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada, disse que algumas propostas também incluem ataques à Força Aérea síria em terra.

Consequências imprevisíveis

A Rússia apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa aéreos russos e seu pessoal militar.

Diante deste cenário, a Rússia enviou mais assessores militares à Síria.

O papel de Moscou na votação do Conselho de Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma investigação completa do caso pode ser chave.

A Rússia já antecipou que rejeita o projeto, que qualificou de "inaceitável".

Moscou apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão sobre o governo sírio para que colabore com a investigação.

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu antes de uma completa investigação.

Putin considerou "inaceitável" fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de "incidente com armas químicas".

Durante o dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin. O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de seu governo em ataque com arma química. "O Exército sírio não utilizou, não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus morteiros".

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