O uso da tortura aumentou no Afeganistão dentro da luta contra os insurgentes e se estende também aos menores de idade detidos, segundo um relatório da ONU publicado nesta segunda-feira (24).
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A situação no Afeganistão deverá ser examinada nesta segunda e terça-feira em Genebra pelos especialistas da Convenção contra a Tortura, que o país ratificou em 1987.
Entre os 469 detidos e interrogados pelos investigadores, "39% ofereceram relatos concretos sobre torturas e outras formas de maus-tratos humanos e degradantes durante a detenção", segundo o estudo.
"Estes dados estão aumentando em comparação com os do último informe de 2015, no qual 35% dos detidos afirmaram ter sido torturados", indicam os autores, que lamentam a ausência de punições.
A investigação da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (MANUA) e o Escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos se baseia em 469 entrevistas com os detidos entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2016.
A polícia é acusada em quase metade (45%) dos casos registrados pelos investigadores.
O relatório documenta também os casos de torturas de crianças. Dos 85 menores detidos e interrogados, 38 (45%) se referiram a torturas e maus-tratos.
A ONU cita agressões com pedaços de pau, tubos, cabos, descartas elétricas, queimaduras de cigarros nos pés e nos órgãos genitais, simulações de afogamento, assim como estupro e agressões sexuais.