O partido conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, de vento em popa após duas vitórias eleitorais regionais, desafiará no domingo os sociais-democratas alemães em seu reduto da Renânia do Norte-Westfália, uma repetição geral antes das legislativas de setembro.
Uma vitória da União Democrata Cristã (CDU) ou um resultado apertado a colocaria na órbita ideal para conquistar um quarto mandato consecutivo.
Em apenas algumas semanas, Merkel ultrapassou seu rival e presidente do Partido Social Democrata (SPD), Martin Schulz, com duas vitórias, no último domingo no estado de Schleswig-Holstein e no fim de março em Sarre.
Nacionalmente, o SPD sofre agora um retrocesso de 7 pontos, com 29% de intenções de voto, contra a CDU, depois de ter estado durante um tempo igualados, segundo uma pesquisa publicada na quarta-feira (10).
As eleições na Renânia do Norte-Westfália (centro-oeste) apresentam maior interesse ao se tratar da região mais populosa da Alemanha, uma bacia siderúrgica em reestruturação, onde 13,1 milhões de eleitores estão convocados às urnas.
Sobretudo, trata-se do centro histórico da social-democracia alemã, que preside a região sem interrupção desde a Segunda Guerra Mundial. "Uma derrota neste lugar teria um efeito simbólico desastroso" para este partido, analisa à AFP o professor da Universidade Livre de Berlim, Oskar Niedermayer.
As últimas pesquisas para esta região teste situam o SPD lado a lado com a CDU.
Diante dos desafios, Angela Merkel multiplica os deslocamentos à região, com cerca de sete comícios nesta semana.
Na quarta-feira, a chanceler esteve em Haltern am See (oeste) para apoiar seu protegido local, Armin Laschet, que faz campanha denunciando o desemprego, mais alto na Renânia do Norte que em nível nacional, a delinquência ou os resultados escolares inferiores.
"Graças a uma política inteligente e a finanças sólidas, conseguimos em nível nacional reduzir à metade o desemprego desde que fui eleita chanceler, em 2005", reiterou Angela Merkel.
Atacou, assim, seu rival, Martin Schulz, que faz campanha prometendo mais gasto social para os mais desfavorecidos. "Não bastará só falar da justiça social", disse Merkel, "a justiça social passa por mais criação de emprego e por um orçamento sólido".
Andreas Kaiser, um comerciante de 57 anos afiliado à CDU, espera uma mudança na Renânia "porque a região se encontra entre as últimas do país no âmbito econômico".
Reunidos na praça do mercado sob o sol e animados uma fanfarra, os militantes da CDU se mostram confiantes.
"Em uma região onde o SPD deveria se situar 10 pontos à frente do CDU, se apenas chegássemos ao mesmo nível, seria um importante sinal para as legislativas", afirmou Wolfgang Partförder, de 67 anos, ex-prefeito conservador de uma cidade vizinha.
Do lado dos sociais-democratas, os ânimos estão abalados. "O avanço de Schulz não está confirmado. Já não se ouve falar muito", lamenta Günter Kadelka, de 63 anos, um simpatizante aposentado.
"Se o SPD perder as eleições, representará uma reativação para a CDU e Schulz poderia enterrar suas esperanças de conquistar a chancelaria", analisa Oskar Niedermayer.
O partido da chanceler também joga com dois temas muito sensíveis na região.
A Renânia do Norte-Westfália acusa o governo social-democrata de Hannelore Kraft de ter fracassado na segurança durante a noite de Ano Novo em Colônia em 2015, marcada por uma série de agressões sexuais contra mulheres que chocou todo o país. Também é criticado por não ter detido a tempo Anis Amri, autor do atentado extremista de Berlim em dezembro, que era vigiado pela polícia local.
O resultado do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) também será acompanhado de perto, num momento em que está em declínio nacionalmente devido às lutas internas.
Na Renânia do Norte, o AfD conta com 6% dos votos, uma queda de 3 pontos em três meses. Mas deve bastar para entrar em um 13º Parlamento regional, dos 16 que a Alemanha tem.