Aposentados venezuelanos vão às ruas para protestar contra Maduro

Protestos contra Maduro começaram no dia 1º de abril e pedem a saída do presidente
JC Online
Publicado em 12/05/2017 às 10:36
Protestos contra Maduro começaram no dia 1º de abril e pedem a saída do presidente Foto: Foto: AFP


A oposição venezuelana voltará às ruas nesta sexta-feira (12) para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, mas desta vez serão os "avós" que encabeçarão a marcha, um desafio para os policiais e os black blocs, que protagonizaram choques violentos em seis semanas de mobilizações.

"Por nossos netos"  é o lema com que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou os aposentados para marchar até a sede da Defensoria do Povo, a qual acusam de servir ao governo. Até agora, as forças de segurança não deixaram que os manifestantes cheguem ao centro de Caracas, onde estão o Palácio Presidencial de Miraflores e os poderes públicos.

Em choques cada vez mais frontais, os agentes de ordem pública usam bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água, e os manifestantes respondem com pedras, pedaços de madeira, metal, coquetéis molotov e, inclusive, excrementos.

Corte marcial

Na noite de quinta-feira (11), Maduro advertiu os opositores que protestam contra seu governo de que serão julgados por cortes marciais se atacarem instalações militares. Maduro destacou que vários manifestantes já foram detidos e serão julgados pela Justiça militar após causarem danos à base aérea La Carlota, no leste de Caracas.

"Se forem capturados atacando uma base militar irão para a Justiça militar. Qualquer um que for capturado atacando bases militares irá para onde deve ir: a Justiça", disse Maduro em um ato público no qual voltou a denunciar os protestos da oposição, que já deixaram 38 mortos desde 1º de abril.

No dia 1º de maio, um grupo de manifestantes opositores entrou em La Carlota, após romper uma barreira de proteção, durante um protesto contra Maduro. Segundo a ONG de direitos humanos Fórum Penal, 118 pessoas foram levadas a cortes marciais no estado de Carabobo e outras 19 em Falcón, no noroeste do país, e 73 permanecem detidas por "rebelião".

Estas pessoas foram detidas durante manifestações contra o governo e saques ocorridos na semana passada. Maduro revelou ainda ter determinado a sanção de militares e policiais envolvidos em abusos contra civis, após as denúncias de agressões por parte das forças da ordem nos protestos em Caracas.

"Ordenei uma investigação e o castigo de qualquer funcionário que abuse da força física contra qualquer cidadão. Não vou tolerar isto". Mas o presidente também exigiu que se "investigue e castigue o chamado golpe de Estado, o incêndio em escolas e a agressão permanente à Guarda Nacional e à Polícia".

Maduro lamentou a morte de um jovem de 27 anos nas manifestações de quarta-feira em Caracas, mas destacou que a bala que o vitimou não é do calibre utilizado pelas forças de segurança. O presidente garantiu que o "golpe de Estado" será derrotado com a instalação de uma Assembleia Constituinte "popular" para reformar a Carta Magna de 1999.

"Nada nem ninguém vai deter" o processo para a Constituinte. O presidente disse ter sido obrigado, então, a convocar uma Constituinte para reforçar a Constituição impulsionada por seu mentor, o falecido presidente Hugo Chávez, e conseguir a reconciliação do país. A oposição descarta participar da Constituinte, porque metade dos 500 constituintes serão eleitos entre setores controlados pelo chavismo, o que em sua avaliação nega o voto universal. Maduro afirma que será "popular" e não de "elites". 

A Constituinte deixa em suspenso as eleições presidenciais de dezembro de 2018, e as votações para governadores (adiadas em 2016) e prefeitos (2017). As manifestações, que exigem a saída de Maduro através de eleições gerais, começaram em 1º de abril, depois que o Tribunal Supremo Justiça assumiu temporariamente as funções do Legislativo, o único poder controlado pela oposição.

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