O recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, tentava aplacar nesta sexta-feira (19) as tensões com a imprensa francesa depois de ter escolhido a dedo quais jornalistas poderiam acompanhá-lo em uma viagem ao Mali.
Representantes de 25 organizações de jornalistas e grandes meios de comunicação, incluindo a AFP, os canais de notícias BFM e TF1 e os jornais Le Monde e Le Figaro, assinaram na quinta-feira uma carta aberta expressando "preocupação" com a estratégia de comunicação de Macron.
"Não corresponde EM HIPÓTESE ALGUMA ao Eliseu escolher quem, entre nós, tem direito ou não de cobrir uma viagem, qualquer que seja o tema", declara a carta.
O porta-voz presidencial, Sylvain Fort, afirmou que "em um ou dois casos" foram contactados diretamente jornalistas em razão das limitadas vagas disponíveis para viajar com Macron ao Mali nesta sexta-feira (19).
Outros assistentes já haviam descrito a escolha de jornalistas como uma forma de incluir na viagem "especialistas" em vez dos repórteres políticos que normalmente acompanham o presidente.
"Os jornalistas que estão preocupados podem se acalmar: o Eliseu não pretende fazer o trabalho das redações", afirma um comunicado da presidência enviado à organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que também assinou a carta aberta.
Macron, de 39 anos, afirmou que tentaria manter distância da imprensa, a fim de restaurar a autoridade do cargo de presidente que, segundo ele, se viu degradada pelos contatos mantidos por seu antecessor François Hollande com os meios de comunicação.
Hollande costumava falar com repórteres "em off", mas se viu afetado por um livro publicado no final de seu mandato por dois jornalistas com base em suas conversas.
Acostumado a aparecer em revistas de fofocas e ser onipresente na televisão durante a sua campanha, Macron tem se mantido muito mais discreto, a fim de manter o foco em suas prioridades.
No domingo, pediu aos jornalistas que deixassem a sala de imprensa do Eliseu logo após a posse, e durante a sua primeira reunião de gabinete na quinta-feira manteve os jornalistas à distância.
O porta-voz do governo, Christophe Castaner, disse em coletiva de imprensa na quinta-feira que os ministros também tinham ordens para não filtrar informações aos jornalistas.