Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos acentuam pressão sobre Catar

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos aumentaram nesta quarta-feira a pressão sobre o Catar, três dias depois de romper com seu sócio do Golfo
AFP
Publicado em 07/06/2017 às 15:13
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos aumentaram nesta quarta-feira a pressão sobre o Catar, três dias depois de romper com seu sócio do Golfo. Foto: Foto: AFP


A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos aumentaram nesta quarta-feira (7) a pressão sobre o Catar, três dias depois de romper com seu sócio do Golfo, acusado de "apoiar o terrorismo" e de aproximar posições com o Irã.

Sem chegar a um pedido de mudança de regime no Catar, os dois países exigiram que modifique a sua política e reintegre o consenso regional sobre os temas sensíveis dos movimentos islamitas radicais e os laços com o Irã xiita, grande rival do reino saudita na região.

Na segunda-feira, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egito, Iêmen e Maldivas romperam relações com o Catar, acusando o país de "apoiar o terrorismo". A Mauritânia se uniu mais tarde.

"A envergadura da atual crise é bastante substancial", disse o ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, em uma entrevista à AFP, acrescentando que Doha tem que parar de se comportar como "campeão do extremismo e do terrorismo na região".

Riad e Abu Dhabi assinalaram nesta quarta-feira que não buscam uma "mudança de regime" no reino do Catar, mas sim uma "mudança de política", acrescentou o ministro.

Condições

Gargash enumerou as condições necessárias para uma normalização com o Catar, que na própria segunda-feira rechaçou as acusações.

O ministro urgiu ao país que pare de usar a sua emissora Al-Jazeera para promover "um programa extremista", acabar com a presença em Doha dos dirigentes da Irmandade Muçulmana, se distanciar do movimento islamita Hamas e agir contra as pessoas que tenham vínculos financeiros com redes extremistas.

"O catálogo é amplo. A política exterior [do Catar] ficou louca e temos que verificar tudo", destacou.

Diante disso, o Hamas afirmou nesta quarta-feira estar "comocionado" e disse que o chamado do ministro árabe é "uma incitação ao ódio contra o Hamas", comunicou o movimento.

O chefe da Diplomacia saudita, Adel al-Jubeir, que viajou a Paris e Berlim, declarou nesta quarta-feira que não pediu à França ou à Alemanha que mediassem. "Mas o faremos durante o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)", afirmou.

Tentando uma mediação, o emir do Kuwait se reuniu na terça-feira com o rei Salman da Arábia Saudita, e nesta quarta viajou aos Emirados Árabes Unidos. Depois pode ir ao Catar.

O ministro Gargash considerou que ainda não há as condições para realizar uma verdadeira mediação, que deve ser precedida por "uma declaração, uma vontade do Catar".

Doha tranquiliza população

Na terça-feira, o presidente americano, Donald Trump, em uma série de tuítes, apoiou Riad e seus aliados a isolar o Catar, que, segundo ele, tem um papel no financiamento do extremismo islâmico.

Com estas declarações, o presidente provocou dúvidas sobre o futuro da grande base aérea americana em Al-Udeid, no deserto do Catar, que tem papel-chave na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.     

Mas algumas horas depois, o chefe de Estado suavizou o discurso ao afirmar que "a unidade do CCG é crucial para vencer o terrorismo e promover a estabilidade na região", durante uma ligação com o monarca saudita.

A Turquia, que mantém uma estreita relação com o Catar, multiplicou os seus chamados à moderação. O Parlamento de Ancara irá debater nesta quarta-feira se executará um acordo para o envio de tropas a uma base turca no Catar.

A ruptura das relações com o Catar provocou a suspensão de voos, o fechamento das fronteiras terrestres e marítimas, assim como a proibição de sobrevoo dos territórios dos outros países do Golfo às companhias do Catar.

Entretanto, Doha quis tranquilizar a população sobre a disponibilidade de alimentos, assegurando que há reservas para um ano, diante do medo dos habitantes de uma possível escassez de comida.

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