Americano em coma é repatriado após ser libertado pela Coreia do Norte

Otto Warmbier foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados por roubar um cartaz com um slogan político no hotel onde ele estava hospedado em Pyongyang
AFP
Publicado em 14/06/2017 às 9:58
Otto Warmbier foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados por roubar um cartaz com um slogan político no hotel onde ele estava hospedado em Pyongyang Foto: HANDOUT / KCNA / AFP


O estudante americano Otto Warmbier, em estado de coma há mais de um ano depois de ser condenado a 15 anos de trabalhos forçados por "atividades hostis", foi repatriado após ter sido libertado.

O avião militar com o jovem de 22 anos aterrissou em Cincinnati, cidade do norte dos Estados Unidos onde sua família reside, pouco antes das 22H20 (23H20 no horário de Brasília), informou a rede CBS News.

Ele foi imediatamente levado para um centro médico de Cincinnati, segundo a Fox News.

No dia anterior, a família do jovem anunciou sua libertação, em um contexto de grande tensão entre os Estados Unidos e Pyongyang e a poucos dias da visita do novo presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In, à Casa Branca, em 29 e 30 de junho.

"Infelizmente, está em coma e fomos informados que ele está nesse estado desde março de 2016. Recebemos a notícia há apenas uma semana", informaram na terça-feira seus pais, Fred e Cindy Warmbier, em um comunicado citado pela emissora CNN.

Segundo o jornal The Washington Post, Otto Warmbier contraiu uma forma de botulismo pouco depois de seu julgamento em março de 2016 e recebeu uma dose de sonífero que fez com que entrasse em coma.

O negociador americano Bill Richardson, que participou das conversações para a libertação do estudante, disse que a Coreia do Norte "deveria explicar claramente as causas do coma".

O Supremo Tribunal da Coreia do Norte condenou em março de 2016 Otto Warmbier depois que ele reconheceu ter roubado um cartaz com um slogan político no hotel onde ele estava hospedado em Pyongyang.

Ele estava na Coreia do Norte para uma excursão organizada pela agência chinesa Young Pioneer Tours. Ele foi preso no dia em que o grupo deveria retornar a Pequim em 2 de janeiro de 2016.

Menos de uma hora de julgamento

Apresentado à imprensa estrangeira e diplomatas poucas semanas depois, declarou, aos prantos, ter cometido "o pior erro da minha vida".

A diplomacia americana havia pedido à Coreia do Norte que o perdoasse, considerando a sentença excessivamente dura, e havia acusado Pyongyang de usar o jovem como moeda de troca de uma chantagem política.

Ao menos 17 americanos foram presos na Coreia do Norte nos últimos dez anos. Três seguem em detenção.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse na terça-feira que vai trabalhar pela libertação dos outros três americanos detidos na Coreia do Norte.

Ele anunciou que sanções estão sendo estudadas contra países terceiros que comercializem com a Coreia do Norte.

A libertação do jovem coincide com a chegada à Coreia do Norte da ex-estrela de basquete Dennis Rodman, que inicia uma visita ao seu polêmico "amigo da vida", o dirigente Kim Jong-Un.

O ex-atleta visitou o país em cinco ocasiões. Ele é um dos poucos ocidentais a ter encontrado o ditador norte-coreano.

O governo Trump ressaltou que Rodman realizava esta viagem "em caráter privado" e que não tinha relação alguma com a libertação do estudante.

Aspirações nucleares

As relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte estão extremamente tensas desde a posse de Donald Trump , em razão das aspirações nucleares norte-coreanas.

Pyongyang realizou dezenas de disparos de mísseis e dois testes nucleares desde o início de 2016 com o objetivo de desenvolver um míssil capas de atingir o território americano.

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