Maduro acusa opositores de 'plano de intervenção' dos EUA na Venezuela

Ele acusou o presidente do Parlamento e outros opositores de tramar um plano para dar um golpe de Estado e desencadear uma intervenção militar dos EUA
AFP
Publicado em 26/06/2017 às 5:22
Ele acusou o presidente do Parlamento e outros opositores de tramar um plano para dar um golpe de Estado e desencadear uma intervenção militar dos EUA Foto: Foto: FEDERICO PARRA / AFP


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesse domingo o presidente do Parlamento, Julio Borges, e outros líderes opositores de urdir um plano para dar um golpe de Estado e desencadear uma intervenção militar dos Estados Unidos.

Maduro afirmou que o suposto complô foi "desmantelado" e incluía Borges como líder de "uma junta (de governo) de transição". Ele mencionou ainda o vice-presidente do Legislativo, Freddy Guevara, e a ex-deputada María Corina Machado.

"A fascista criminosa María Corina Machado, o perverso tétano do fascismo venezuelano Freddy Guevara, o presidente da junta de transição, Julio Borges, e o traidor apelidado 'El Cuadrante' [O Quadrante]" estão envolvidos, afirmou o chefe de Estado socialista em seu programa semanal de televisão.

O presidente não esclareceu quem era 'O Quadrante', mas no sábado, quando fez as primeiras denúncias sobre o plano, mencionou um militar que se afastou do governo, sem dar seu nome.

O jornal Últimas Noticias, pró-governo, apontou Miguel Rodríguez Torres, chefe da Inteligência do falecido presidente Hugo Chávez e ex-ministro do Interior que se tornou crítico de Maduro.

O presidente disse que há cinco detidos, embora entre eles não esteja nenhum dos dirigentes mencionados, o que coincide com protestos da oposição, que deixaram 75 mortos em quase três meses.

Maduro afirmou que os líderes envolvidos fugiram quando as autoridades revistaram uma residência onde foram realizadas reuniões conspiratórias. Não esclareceu se há ordens de captura, mas pediu para "meter todos presos" se "o golpe" se materializar.

Entre os detidos, Maduro só identificou Roberto Picón, assessor eleitoral da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), a quem definiu como "uma pessoa muito íntima" do ex-candidato à Presidência Henrique Capriles.

Oposição venezuelana reagiu

A MUD reagiu.

"As forças políticas e sociais que integram a aliança opositora repudiam as insinuações e acusações", indicou em um comunicado, que anuncia que prosseguirão as manifestações para pedir eleições universais, livres, diretas e secretas.

Enumerando artigos constitucionais que consagram o direito à desobediência civil, a coalizão pediu na terça-feira que se desconheça o governo de Maduro e sua convocação a uma Assembleia Constituinte, que considera "uma fraude" para instaurar uma "ditadura comunista".

No sábado, Maduro expressou que o plano buscava "focos violentos" para abrir passagem a uma intervenção americana.

"Não exagero quando digo que implicaria a chegada de frotas e tropas gringas", afirmou em um discurso, no qual antecipou que os detidos serão julgados em tribunais militares.

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