Quase dois milhões de crianças sofrem de desnutrição aguda no Iêmen, um país em que a combinação de guerra, pobreza e cólera o coloca "à beira da inanição" - alertou a ONU nesta quarta-feira (26).
O alerta foi feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) depois de uma visita de seus representantes ao país.
O Iêmen está em guerra há mais de dois anos e sofre uma epidemia de cólera, que deixou cerca de 1.900 mortos e registra pelo menos 400 mil possíveis casos.
"O país está à beira da inanição e mais de 60% da população não sabe onde obterá sua próxima comida", concluíram em um comunicado os diretores da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus; do PMA, David Beasley; e do Unicef, Anthony Lake.
"Cerca de 80% das crianças no Iêmen precisam de ajuda humanitária imediata", acrescentaram.
"A desnutrição faz que as crianças sejam mais sensíveis à cólera, e as doenças criam maior desnutrição, uma combinação viciosa", afirmaram, depois de visitarem Áden (sul), capital provisória do governo reconhecido pela comunidade internacional, e Sanaa, capital controlada pelos rebeldes.
No conflito no Iêmen, estão confrontados o governo apoiado por uma coalizão militar árabe dirigida pela Arábia Saudita e os rebeldes huthis, aliados a unidades do Exército que mantêm sua lealdade ao ex-presidente Ali Abddulah Saleh.
A situação se deteriorou ainda mais com a explosão, no final de abril, de uma epidemia de cólera que pode alcançar 600 mil casos até o final de 2017, alertou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que também esteve no Iêmen.