Supremacistas brancos e neonazistas elogiam declarações de Trump

"Este homem está fazendo absolutamente tudo o que está ao seu alcance para nos apoiar e precisamos de seu apoio", escreveu Andrew Anglin em DailyStormer, um site neonazista e antissemita
AFP
Publicado em 16/08/2017 às 19:37
"Este homem está fazendo absolutamente tudo o que está ao seu alcance para nos apoiar e precisamos de seu apoio", escreveu Andrew Anglin em DailyStormer, um site neonazista e antissemita Foto: Foto: ALEC MACGILLIS / PROPUBLICA / AFP


Grupos de supremacistas brancos e neonazistas receberam nesta quarta-feira (16) com entusiasmo as declarações do presidente Donald Trump sobre os casos de violência registrados no sábado em Charlottesville, vendo nelas um apoio para as suas posições.

"Este homem está fazendo absolutamente tudo o que está ao seu alcance para nos apoiar e precisamos de seu apoio", escreveu Andrew Anglin em DailyStormer, um site neonazista e antissemita no qual se reúnem grupos de extrema direita.

"Vai ser muito, muito difícil ter algum sentimento negativo em relação a Trump durante um longo tempo", afirmou.

Richard Spencer, o ultranacionalista branco que organizou a marcha em Charlottesville, considerou as declarações de Trump como "honestas e realistas".

"Trump aprecia a verdade", disse Spencer, acrescentando que está "orgulhoso" do presidente.

Na terça-feira, Trump deixou muitos americanos boquiabertos ao condenar energicamente os manifestantes antirracistas como igualmente responsáveis pela violência desatada na marcha de sábado em Charlottesville.

Centenas dos chamados ativistas da "direita alternativa" se reuniram na cidade com bastões, tacos de beisebol, bandeiras nazistas e tochas para protestar pela retirada de uma estátua do general confederado Robert E Lee.

Violentos confrontos explodiram entre os supremacistas brancos e manifestantes antirracistas, deixando uma mulher morta após ser atropelada por um carro conduzido por um simpatizante nazista.

Trump logo foi alvo de uma onda de críticas de líderes políticos, incluindo ex-presidentes republicanos, por argumentar que houve "culpa dos dois lados" nos incidentes.

Embora o presidente americano tenha condenado posteriormente os nazistas e racistas, os grupos alinhados com o movimento da direita alternativa comemoraram a sua tentativa de também colocar a responsabilidade nos manifestantes antirracistas.

"Obrigado presidente Trump por sua honestidade e coragem para dizer a verdade sobre #Charlottesville e condenar os terroristas de esquerda", tuitou o ex-líder da Ku Klux Klan David Duke.

Jack Posobiec, figura da direita alternativa cujos comentários foram retuitados por Trump, escreveu que "agora estamos no foco" e "boa noite, esquerda alternativa", enquanto o presidente falava com os jornalista na Trump Tower de Nova York.

Muitos grupos de ultradireita que participaram da marcha logo foram retirados de redes sociais como Facebook e Instagram, e seus sites foram fechados com base na regulamentação contra os discursos de ódio e ameaças, embora outros tenham conseguido ser manter na internet.

Trump "usa nossos argumentos"

Depois de serem bloqueados em dois serviços muito usados, DailyStormer ressurgiu brevemente nesta quarta-feira em um site que usa o domínio ".ru", que indicaria origem na Rússia, sendo fechado novamente pouco depois.

Anglin comemorou a aparente simpatia de Trump com os que se opõem à retirada da estátua de Lee de um parque de Charlottesville.

Trump "usa nossos argumentos, de que George Washington e Thomas Jefferson são os próximos depois dos monumentos aos confederados, e de que estão tentando destruir a nossa história".

James Kirkpatrick, diretor da VDARE, organização que quer restringir a imigração para europeus brancos, aplaudiu Trump por colocar a responsabilidade da violência sobre o movimento "antifa", abreviação de antifascista.

"O presidente Donald Trump finalmente fez o que ninguém no establishment conservador fez: responsabilizar os Antifa [a 'esquerda alternativa', em suas palavras] por provocar a violência em uma marcha legal em Charlottesville".

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