Os quatro suspeitos dos ataques em Barcelona e Cambrils, que deixaram 15 mortos, foram acusados nesta terça-feira por assassinatos de natureza terrorista pela justiça espanhola.
Os quatro foram acusados por "pertencer a uma organização terrorista, assassinatos terroristas e posse de explosivos", entre outras acusações.
Os quatro são sobreviventes de uma célula de 12 membros que a polícia aponta como responsável pelos atentados em Barcelona e Cambrils, que deixaram 15 mortos.
O primeiro a prestar depoimento foi Mohamed Houli Chemlal, que admitiu ao um juiz espanhol que ele e seus companheiros planejavam um atentado de maior envergadura.
Chemlal ferido em uma explosão acidental em uma casa na região da Catalunha na qual o grupo fabricava explosivos, ato que teria precipitado os ataques.
Os quatro suspeitos foram levados nesta terça-feira à Audiência Nacional de Madri, jurisdição encarregada dos casos de terrorismo.
Os outros oito integrantes do grupo morreram, seis deles abatidos pela polícia e dois em uma explosão acidental em uma casa de Alcanar (200 km ao sul de Barcelona), onde o grupo fabricava explosivos para os atentados.
Os acusados, além de Chemlal, são Driss Oukabir, Mohammed Aallaa e Salh El Karib.
Os atentados foram reivindicados pelo grupo Estado Islámico.
A polícia investiga as possíveis ramificações da célula, já que vários de seus membros viajaram ao exterior.
Ao menos um dos suspeitos, cujo nome não foi revelado, viajou a Zurique em dezembro, segundo a polícia federal suíça.
O imã marroquino Abdelbaki Es Satty, considerado o doutrinador do grupo e morto na explosão da casa de Alcanar, viajou à Bélgica entre janeiro e março de 2016. E o Audi A3 utilizado no ataque de Cambrils foi fotografado por um radar perto de Paris, em 12 de agosto, com quatro pessoas a bordo, de acordo com o ministro francês do Interior, Gérard Collomb.
Depois de uma intensa busca por toda a Europa o autor material do atropelamento em massa em Las Ramblas de Barcelona, marroquino Younes Abouyaaqoub, foi morto na segunda-feira em uma ação policial.
Abouyaaqoub, de 22 anos, morreu 50 km a oeste da capital catalã, em uma área de vinhedos pouco povoada, onde foi visto por dois policiais que passavam por uma estação de trem.
Quando foi confrontado, o suspeito "abriu o casaco e parecia usar um cinturão de explosivos, que eram falsos", relatou o delegado-chefe da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.
Abouyaaqoub gritou "Alá é grande" antes que os agentes o matassem.
Na cidade catalã, a mais turística da Espanha, as homenagens às vítimas se multiplicaram, com altares improvisados, flores e velas ao longo de Las Ramblas.
A Espanha não vivia um episódio parecido desde março de 2004, quando uma série de bombas explodiram em trens em Madri, deixando 191 mortos, em um ataque reivindicado pela Al-Qaeda.
Na véspera, centenas de muçulmanos se manifestaram em repúdio ao terrorismo. "Somos muçulmanos, não terroristas", lia-se em um de seus cartazes.
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, fez um chamado à unidade, em um contexto de divisão entre Madri e Barcelona por conta do desejo do governo catalão de se separar, tendo como objetivo organizar um referendo sobre a independência em 1º de outubro.
Quatro dias após os ataques, as 15 vítimas fatais, sete mulheres e oito homens, foram identificados: cinco espanhóis, entre eles uma criança de três anos, um hispano-argentino, três italianos, dois portugueses, um belga, um americano, um canadense e um menino australiano-britânico de sete anos.
Continuam hospitalizadas 48 pessoas, das quais oito estão em situação crítica e 12 em estado grave, segundo o último balanço da Proteção Civil na Catalunha.