Pelo menos 12 pessoas morreram nesta sexta-feira (25) em um ataque contra uma mesquita xiita de Cabul, em plena oração semanal, reivindicado pelo grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI), em um contexto de crescente piora da segurança na capital afegã.
Dez civis e dois membros das forças de segurança morreram, e outras 40 pessoas ficaram feridas, segundo um porta-voz do ministério do Interior, Najib Danish.
O ataque, que durou várias horas, foi executado por pelo menos um homem-bomba e homens armados. O grupo EI reivindicou a ação através de seu órgão de propaganda Amaq.
"Dois 'inghimasi' do Estado Islâmico executam um ataque contra uma husseiniya [lugar de culto xiita] no setor de Jair Jana, na cidade afegã de Cabul", afirmou a Amaq, usando o termo 'inghimasi' para aqueles que, além das armas, utilizam um cinto explosivo, que acionam como último recurso no combate.
"O ataque terminaou e o lugar foi varrido pela polícia", declarou à AFP o porta-voz. Segundo ele, os três agressores foram mortos. O fiéis reunidos do lado de fora da mesquita foram tomados pelo pânico e tentaram em vão achar seus familiares que permaneciam no interior.
"Nossos familiares estão presos no interior da mesquita. Os chamamos e eles não respondem. Achamos que eles foram feitos de reféns pelos agressores, estamos muito preocupados", disse um deles durante o ataque.
"Um agressor se explodiu e outros três conseguiram entrar na mesquita. Os combatentes precisam de munições e usam suas facas para atacar os fiéis", disse outra testemunha à AFP.
Mais de uma dezena de ambulâncias chegaram ao local, enquanto várias forças de segurança foram deslocadas para os arredores da mesquita.
Este ataque acontece poucos dias depois da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçar a presença militar americana no Afeganistão, em vez de apostar em uma retirada, como prometeu em sua campanha eleitoral.
Essa decisão foi celebrada como "histórica" pelo governo de Cabul enquanto os talibãs prometeram continuar com a jihad.
Para Trump, a retirada de tropas deixaria "um vácuo" que poderia ser aproveitado pelos "terroristas" da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.
Sobre o terreno, Trump autorizou o deslocamento de outros 3.900 soldados, que se juntarão aos 8.400 que já se encontram no Afeganistão como parte de uma força internacional composta por 13.500 tropas.
Entretanto, a situação piorou nos últimos meses em Cabul, onde o último grande atentado aconteceu em 24 de julho, quando a explosão de um carro-bomba deixou 27 mortos e 40 feridos em um bairro da comunidade xiita. Este ataque foi reivindicado pelos talibãs.
A comunidade xiita, frequentemente alvo desses atentados, acusa as forças de segurança de não saber protegê-la. Os extremistas do EI reivindicaram no começo de agosto outro ataque durante uma oração contra uma mesquita xiita de Herat, que deixou 33 mortos.