O chefe do Hezbollah xiita libanês, Hassan Nasrallah, que vive em um local secreto há uma década, afirmou nesta quinta-feira (31) ter ido a Damasco pedir ao presidente Bashar al-Assad para acertar um acordo de evacuação de extremistas do Líbano para a Síria.
Hassan Nasrallah, de 57 anos, fez poucas aparições desde a guerra de 2006 entre seu poderoso partido armado e Israel. Em 2014, revelou que mudava o local de sua residência constantemente.
"Fui até o presidente Bashar al-Assad. Fui pessoalmente a Damasco", declarou ele em um discurso transmitido em um telão para milhares de seus partidários em Baalbeck (leste), sem especificar a data da visita que aconteceu antes da conclusão do acordo, no último final de semana.
Aliado do regime sírio, o líder do Hezbollah fazia referência ao acordo de evacuação entre seu partido e o grupo Estado Islâmico (EI), em virtude do qual os combatentes extremistas foram evacuados da fronteira sírio-libanesa com destino ao leste da Síria, no limite com o Iraque.
O acordo foi duramente criticado pela coalização internacional que combate os extremistas islâmicos, por Bagdá e pelo Líbano.
Hassan Nasrallah justificou este acordo pela necessidade de obter do EI o local onde estão enterrados os corpos de oito soldados libaneses sequestrados em 2014.
Ele contou ter dito ao presidente sírio se tratar de "uma causa humanitária" e pediu sua ajuda nesse sentido. O presidente Assad teria ficado desconfortável com o pedido.
"Ele me disse 'essa questão vai me colocar em uma posição embaraçosa'", afirmou o líder do Hezbollah, acrescentando que Assad acabou por aceitar a demanda.
O acordo foi concluído após uma semana de combates dos dois lados da fronteira libanesa contra os extremistas com o Exército libanês, de um lado, e o Hezbollah e o Exército sírio, do outro.
A saída do EI dessa área fronteiriça foi um dos últimos reveses sofridos pela organização extremista.