O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta segunda-feira (20) estar "horrorizado" pela imagens de vídeo que mostram a venda de migrantes como escravos na Líbia, e garantiu que esse comércio precisa ser investigado como possíveis crimes contra a humanidade.
A rede de televisão CNN difundiu na semana passada um vídeo de um aparente leilão na Líbia em que homens negros são apresentados a compradores do norte de África como possível mão-de-obra para o campo e acabam vendidos por cerca de 400 dólares.
"A escravidão não tem cabimento em nosso mundo e essas ações estão entre os mais atrozes abusos de direitos humanos e podem constituir crimes contra a humanidade", disse Guterres a jornalistas.
"Estou horrorizado com as notícias da imprensa e com os vídeos que mostram migrantes africanos na Líbia, em que se diz que estão sendo vendidos como escravos", disse.
Guterres pediu a "todas as autoridades competentes" que investiguem esses leilões de escravos o mais rápido possível e acrescentou um pedido a "atores relevantes das Nações Unidas que investiguem ativamente este assunto".
O primeiro-ministro adjunto da Líbia, Ahmed Metig, disse que seu governo -apoiado pela ONU- investigará o caso, segundo um comunicado publicado no último domingo no Facebook.
As imagens geraram a indignação de líderes africanos e pedidos de investigação. O presidente guineano Alpha Condé se referiu às imagens como "comércio depreciável... de outra era".
O governo do Senegal expressou sua "indignação" e o presidente do Níger, Mahamadu Issufu, disse que o assunto o deixou "profundamente aborrecido" e pediu às autoridades líbias e organizações internacionais que façam "tudo o que for possível para deter essa prática".