Os líderes da União Europeia e de seis países ex-soviéticos buscam nesta sexta-feira aprofundar seus relações em uma cúpula em Bruxelas, onde não abordarão oficialmente os assuntos mais sensíveis, como a influência da Rússia e a guerra na Ucrânia.
A cúpula da Associação Oriental se centrará em uma lista de 20 objetivos para ajudar Armênia, Azerbaijão, Belarus, Geórgia, Moldávia e Ucrânia a lutar contra a corrupção, melhorar o Estado de direito e modernizar suas economias, sem garantias de uma adesão ao bloco.
Bruxelas insiste em que sua convocação à Associação Oriental com esses seis Estados "não aponta a nenhum país", mas países como Moldávia e Ucrânia pediram à UE que envie um sinal de boas-vindas a seus cidadãos para contra-balançar os cantos de sereia vindos de Moscou.
As preocupações são crescentes na Europa sobre as campanhas de desinformação e os ciberataques procedentes da Rússia para desestabilizar politicamente o bloco, como no caso da Catalunha, segundo denuncia Madri, e atrair os antigos Estados soviéticos.
Na sua chegada à cúpula, a primeira-ministra britânica, Theresa May, advertiu que a UE deve estar alerta contra "as ações de Estados hostis como a Rússia que ameaçam o potencial crescimento de nossos parceiros orientais e tentam destruir nossa força coletiva".
Embora sem mencionar diretamente a Rússia, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, assegurou que a associação da UE com esses seis Estados é "muito importante" para a "segurança" do bloco.
No entanto, símbolo da dificuldade para alcançar consensos nos pontos mais sensíveis, a declaração final da cúpula no fará referência ao conflito entre o governo ucraniano e separatistas pró-russos nem à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, que foi objeto de uma dura condenação no encontro de Riga em 2015.
Embora o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, tenha lembrado na quinta-feira que "a UE não reconhecerá nunca à anexação ilegal da Crimeia", os europeus preferem ressaltar nessa cúpula as 20 "vantagens concretas para os cidadãos" que se comprometem a apoiar.
A Ucrânia quer, no entanto, uma promessa clara de que o bloqueio europeu lhe permitirá unir-se um dia, com o presidente Petro Poroshenko advertindo contra as consequências de fechar as portas aos novos membros diante da Rússia de Vladimir Putin.
O primeiro-ministro da Moldávia, Pavel Filip, cujo governo pró-europeu enfrenta uma eleição no ano que vem, próximo pediu que Bruxelas lhes mostre a "estrela" a seguir. Moldávia e Ucrânia temem que sem um sinal claro seus povos possam virar as costas para a UE e seguir o caminho de Moscou, como fez o Belarus.