O subdiretor do Instituto de Obras Religiosas (IOR), o banco do Vaticano, foi demitido - anunciou a Santa Sé nesta quinta-feira (30), uma decisão tomada após atritos internos acerca de uma reforma financeira da entidade.
"O Vaticano confirma que Giulio Mattietti, subdiretor-geral do IOR, deixou suas funções a partir de quinta-feira, 27 de novembro", informou a porta-voz da Santa Sé, Paloma García Ovejero.
De acordo com vários veículos especializados, Mattietti foi convocado na tarde dessa segunda-feira (27) pelo presidente do banco, o especialista francês Jean-Baptiste de Franssu, que anunciou sua demissão sem maiores explicações.
A saída de surpresa de Mattietti, nomeado em 2015, tem a aprovação do papa Francisco, que está viajando na Ásia, segundo fontes internas.
Formado em Física, Mattietti trabalhou na Microsoft e na IBM e entrou para o banco do Vaticano em 2015 como adjunto do diretor-geral, Gian Franco Mammi.
Protagonista de diversos escândalos financeiros, o banco famoso administra milhares de contas de padres e freiras do mundo todo: de simples religiosas filipinas que vão estudar em Roma, passando por bispos e cardeais, até poderosas congregações religiosas presentes em todos os rincões do planeta.
Fundado em 1942 por Pio XII, com ativos de mais de 5 bilhões de euros, o banco do Vaticano já foi acusado de lavagem de dinheiro sujo, inclusive da máfia, e de gestão pouco transparente de seus lucros.
Determinado a reformar a entidade bancária desde que foi eleito papa em 2013, Francisco aprovou o fechamento de cerca de 5 mil contas.
À saída de Mattietti, soma-se a renúncia, há alguns meses, do ex-controlador financeiro do Vaticano Libero Milone.
Em setembro, Milone denunciou os prelados que se opunham aos esforços de modernização e de controle do sistema econômico secular do Vaticano.