A atriz pornô Stormy Daniels, que diz ter tido uma relação com Donald Trump antes que ele se tornasse presidente dos Estados Unidos, se sente livre para contar sua história, depois que o advogado pessoal do presidente admitiu ter pagado 130.000 dólares para que ela não falasse do assunto durante a campanha de 2016.
A atriz, cujo nome real é Stephanie Clifford, de 38 anos, ameaçou fazer revelações à imprensa, ao considerar que com essa declaração o advogado Michael Cohen quebrou o acordo de confidencialidade.
Gina Rodriguez, representante da atriz, disse a vários meios que sua cliente já não se sentia obrigada por esse acordo, pois Cohen revelou sua existência.
"Stormy vai contar sua história", afirmou.
Na véspera, o advogado pessoal do presidente revelou que pagou 130.000 dólares de seu próprio bolso a Clifford, que disse ter mantido um caso com o magnata do setor imobiliário em 2006.
Em um comunicado publicado no jornal "The New York Times", Cohen se negou a revelar os motivos para o pagamento à atriz pouco antes das eleições presidenciais de 2016.
Tudo começou em 12 de janeiro, quando The Wall Street Journal afirmou que Clifford havia recebido dinheiro para manter silêncio sobre uma relação sexual que teve com Trump, então já casado com a atual primeira-dama, Melania.
Essa relação teria acontecido em 2006, quatro meses depois do nascimento de seu filho Barron.
Esquecido pouco antes das eleições, o caso ressurgiu devido a um processo judicial contra Cohen por supostamente violar as leis de financiamento eleitoral.
A ONG Common Cause, que apresentou a denúncia federal, disse ter motivos para acreditar que o dinheiro deve ser considerado um gasto de campanha.
O advogado insiste que fez o pagamento por conta própria e que "nem a Organização Trump, nem a campanha de Trump participaram da transação". Ele ainda afirmou que não foi reembolsado.
O pagamento a Clifford "não foi uma contribuição à campanha, ou um gasto de campanha por parte de ninguém", completou o advogado no comunicado.
Mas as declarações do advogado reativaram as especulações sobre o relacionamento de Trump com sua esposa, que, em janeiro cancelou uma viagem a Davos, na Suíça. O presidente compareceu ao Fórum Econômico Mundial sozinho, depois das primeiras revelações sobre o suposto caso com a atriz pornô.
A Casa Branca desmentiu essas afirmações, afirmando tratar-se de "informações velhas e recicladas e desmentidas com veemência".
Trump também se recusou a comentar o assunto.
Enquanto isso, Clifford aproveita a nova fama fazendo uma turnê por clubes de strip-tease nos Estados Unidos.
Entrevistada no fim de janeiro no talk-show de Jimmy Kimmel no canal ABC, Stormy Daniels, não revelou nada em especial, mas sorria de maneira envergonhada para evitar as perguntas do apresentador.
Durante a campanha pela Casa Branca e desde que assumiu a Presidência, Trump foi acusado por várias mulheres de assédio no passado. Ele nega as acusações de forma categórica.
Durante a campanha presidencial em 2016, um vídeo de 2005 foi divulgado e, nele, o presidente Trump aparece se gabando de poder "agarrar as mulheres pela vagina" pelo simples fato de ser uma celebridade.
Muitos consideraram que o vídeo seria fatal para sua candidatura - além das denúncias de várias mulheres por assédio, ou por agressão sexual -, mas Trump, ao ser eleito o 45° presidente da história dos Estados Unidos, mostrou que as regras clássicas da política não são necessariamente aplicadas a ele.