Família que abrigou atirador da Flórida não sabia que vivia com um "monstro"

Jovem atirador era amigo do filho da família que o abrigou depois da morte de sua mãe no final de novembro
AFP
Publicado em 19/02/2018 às 7:26
Jovem atirador era amigo do filho da família que o abrigou depois da morte de sua mãe no final de novembro Foto: Foto: AFP


A família que recebeu em sua casa Nikolas Cruz, autor do massacre em uma escola da Flórida que deixou 17 mortos, afirmou que ele era um jovem peculiar, mas que nunca pensaram que era uma "monstro".

"Nós tínhamos este monstro vivendo debaixo do nosso teto e não sabíamos", afirmou Kimberly Snead, uma enfermeira de 49 anos, o jornal Florida Sun Sentinel. 

Nikolas Cruz, de 19 anos, se mudou no final de novembro para Parkland com James e Kimberly Snead, depois da morte de sua mãe por complicações provocadas por uma pneumonia.

Cruz ficou sem pais e era amigo do filho dos Snead.

"Eu disse que existiriam regras e ele seguiu todas as regras", afirmou James Snead, de 48 anos, um veterano do exército e analista de inteligência militar, segundo o jornal.

Na quarta-feira da semana passada, Cruz, um ex-aluno da escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland, ao norte de Miami, abriu fogo nos corredores da instituição com um fuzil semiautomático e matou 17 pessoas.

No ano passado, ele havia sido expulso da escola por "razões disciplinares".

Cruz usou um fuzil semiautomático AR-15 que havia comprado legalmente e possuía outras armas, incluindo dois fuzis e várias facas, segundo a família Snead, que também tem armas em casa.

O massacre de Parkland é o mais violento em uma escola nos Estados Unidos desde a tragédia do colégio Sandy Hook em 2012, quando morreram 26 pessoas, em sua maioria crianças.

FBI estava a par

O FBI, a Polícia Federal americana, admitiu recebeu em janeiro um alerta detalhado sobre Nikolas Cruz, que informava que ele tinha uma arma, um comportamento instável e publicava mensagens nas redes sociais sobre provocar uma matança na escola. 

Apesar da advertência, o FBI não adotou nenhuma medida.

De acordo com a família Snead, Cruz era solitário, com um comportamento peculiar e socialmente inadaptado, mas que não mostrava sinais de violência. 

"Era muito ingênuo. Não era estúpido, apenas ingênuo", afirmou James Snead ao Sun Sentinel.

Os Snead descreveram o jovem como alguém que aparentemente cresceu sem a obrigação de realizar tarefas comuns. Não sabia cozinhar, lavar roupa, recolher suas coisas ou até mesmo usar o micro-ondas.

Ele tinha hábitos incomuns como misturar um cookie de chocolate em um sanduíche de queijo e sempre ia para a cama às 20H00.

Cruz era um jovem solitário e queria ter uma namorada, mas estava deprimido pela morte da mãe, segundo o casal.

Também disse que conversou com um recrutador militar e pretendia se alistar no exército.

Terapia

Kimberly Snead levou Cruz a um terapeuta apenas cinco dias antes do massacre. O jovem afirmou que estava disposto a receber o tratamento se o plano de saúde aceitasse.

Cruz disse aos Snead que herdaria pelo menos 800.000 dólares de seus pais e que a maior parte dos recursos estaria disponível quando ele completasse 22 anos.

No dia do massacre, o jovem enviou mensagens ao filho dos Snead, que estudava na Marjory Stoneman Douglas, e disse que tinha algo a contar. No entanto, pouco depois afirmou que não era nada importante.

A última vez que o casal viu Nikolas Cruz ele estava na delegacia do condado de Broward. Vestido com um roupão de hospital, estava algemado e cercado por policiais.

"Ele disse que sentia muito. Pediu desculpas. Ele parecia perdido, absolutamente perdido. E foi a última vez que o vimos", disse James Snead.

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