Ao menos 200 países irão se reunir na segunda-feira (30) em Bonn para avançar na implementação do acordo de Paris sobre o clima, uma primeira etapa de um ano crucial na luta contra o aquecimento global.
Para David Waskow, especialista do Instituto de Recursos Mundiais, "2018 é um ano chave para fazermos avançar a ação climática", o momento "mais crítico" desde a conferência da ONU sobre o clima que deu lugar ao acordo de Paris em 2015.
O objetivo do acordo é conter o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC, ou mesmo 1,5ºC, em comparação com a era pré-industrial.
Mas os esforços prometidos pelos países signatários do acordo de Paris não serão suficientes para alcançar esse objetivo. Tendo em conta seus atuais compromissos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, as temperaturas poderiam aumentar em 3ºC.
Se nada se alterar, o mundo vai chegar a um aumento de 1,5ºC antes da década de 2040, segundo um informe do Painel Intergovernamental de especialistas sobre Mudança Climática da ONU (IPCC, em inglês), que considera "extremamente improvável" não superar os 1,5ºC sem mudanças drásticas e imediatas.
Os pedidos para uma atuação de forma mais radical se multiplicaram após a comprovação, a poucos meses da 24ª Conferência da ONU sobre o clima (COP24), de que os últimos três anos foram os mais quentes já registrados.
"O êxito dependerá de um acordo ou não dos Estados em um roteiro rígido sobre o acordo de Paris e da vontade de aumentar seus compromissos nacionais daqui até 2020", insiste David Waskow.
O acordo prevê uma primeira avaliação mundial em 2023, mas a comunidade internacional já iniciou um diálogo para animar os Estados a apresentarem novos objetivos antes de 2020.
Esse processo chamado "Talanoa" - palavra utilizada nas ilhas Fiji, que atualmente presidem a COP, para qualificar um diálogo que permite gerar confiança - será lançado oficialmente durante a reunião de duas semanas em Bonn que começará na segunda-feira.
Com a retirada dos Estados Unidos do acordo de Paris, os olhares se voltam à China, a principal emissora mundial de CO2, e também ao conjunto de países desenvolvidos, especialmente a União Europeia, quando várias capitais do bloco acabam de pedir que aumentem suas ambições.
"É frustrante ouvir como alguns países desenvolvidos comemoram sua liderança no clima, embora não estejam à altura dos modestos compromissos anunciados no decorrer dos anos", denunciou o ministro do Meio Ambiente das Maldivas, Thoriq Ibrahim, que preside o grupo das pequenas ilhas (Aosis).
"Enquanto os países desenvolvidos não unirem as ações às palavras, nossa sobrevivência estará ameaçada", declarou.