O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reajustou nesta segunda-feira (30) em 95,4% o salário mínimo, em meio a uma hiperinflação que devora a renda dos venezuelanos.
Trata-se do terceiro reajuste do ano, que coloca o salário em 2.555.500 bolívares, equivalentes a 37 dólares pela cotação oficial e a 3,2 dólares no mercado paralelo.
A renda mínima inclui o salário (1.000.000) e um bônus de alimentação (1.555.500).
O presidente também anunciou que nesta terça-feira, por motivo do Dia do Trabalhador, entregará um bônus aos funcionários públicos de 1.500.000 bolívares (21,5 dólares pela taxa oficial e quase 2 dólares no mercado paralelo).
Apesar do elevado reajuste, com a renda mínima se consegue comprar hoje apenas dois quilos de frango, em um contexto de hiperinflação que pode superar os 13.800% este ano, segundo o FMI.
"Em tempo de revolução, como nunca antes na história, a política que o comandante Hugo Chávez impulsionou desde sempre e que eu aperfeiçoei, é cuidar da classe trabalhadora (...), cuidar permanentemente de sua renda", disse o presidente socialista.
Maduro, candidato à reeleição na votação antecipada de 20 de maio, reajustou a renda mínima cinco vezes em 2017.
Economistas como Jesús Casique criticam os constantes ajustes salariais, por considerar que aumentam o custo de vida e não são acompanhados de um "plano anti-inflacionário" e de "disciplina fiscal e monetária".
O candidato opositor nas eleições presidenciais, Henri Falcón, criticou o aumento, garantindo que "não é proporcional aos níveis de hiperinflação".
"Este é o único país onde os habitantes se entristecem com um aumento, porque em questão de segundos se pulveriza. A dolarização do salário garante o valor do trabalho", escreveu no Twitter, reiterando sua proposta de iniciar seu governo com um salário mínimo de 75 dólares.
Cerca de 13 milhões de trabalhadores recebem salário mínimo ou o chamado "cesta ticket" em uma população economicamente ativa de 19,5 milhões, segundo o governo.