O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assegurou nesta sexta-feira (4) que a data e o local de seu esperado encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, já estão acordados, e serão anunciados em breve.
"A viagem está agendada. Agora temos uma data. E temos um local. Vamos anunciá-los em breve", disse o presidente antes de deixar a Casa Branca para uma visita ao Texas.
Trump surpreendeu o mundo em março ao anunciar que havia aceitado uma proposta de Kim para uma cúpula entre ambos, com o objetivo de colocar um ponto final à perigosa escalada de tensões entre os países.
Em um gesto impensável apenas meses atrás, Trump enviou a Pyongyang ninguém menos que o então diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) e agora secretário de Estado, Mike Pompeo, em uma missão secreta que incluiu um encontro pessoal com Kim.
Dias depois dessa reunião, o líder norte-coreano anunciou a suspensão temporária dos testes nucleares e de mísseis, um passo interpretado como um gesto de boa vontade para beneficiar as negociações.
Como resultado dessa aproximação, Kim também teve um encontro histórico com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada que divide a península coreana.
Na semana passada Trump havia dado sinais de que as negociações para definir a data e o local do encontro com Kim estavam para serem concluídas.
Entre os lugares possíveis para esse encontro foram mencionados Singapura, Mongólia ou até a cidade de Genebra, na Suíça, mas sem maiores detalhes.
Além disso, desde quinta-feira aumentaram os rumores indicando que Washington e Pyongyang estariam próximos de um anúncio relativos ao destino de Kim Hak-song, Kim Sang-duk e Kim Dong-chul, cidadãos americanos que estão presos na Coreia do Norte.
As negociações "sobre os três reféns estão indo bem", disse Trump nesta sexta-feira.
Nesta sexta, a Organização Internacional da Aviação Civil informou que a Coreia do Norte solicitou formalmente a abertura de um corredor aéreo entre Pyongyang e a cidade sul-coreana de Incheon, perto de Seul. A entidade acrescentou que estava "inclinada a conceder o pedido".
Pouco mais tarde, a Casa Branca informou que Trump receberá o presidente sul-coreano Moon Jae-in para conversas em Washington em 22 de maio.
"Esta terceira cúpula entre os dois líderes afirma a força duradoura da aliança Estados Unidos-República da Coreia e a profunda amizade entre nossos dois países", disse a Casa Branca em um comunicado.
"O presidente Trump e o presidente Moon continuarão a coordenar de perto a evolução da península coreana após a Cúpula inter-coreana de 27 de abril", acrescentou. "Os dois líderes também discutirão o próximo encontro do presidente Trump com o líder norte-coreano Kim Jong Un".
Washington e Pyongyang, entretanto, ainda exibem diferenças sutis em suas expectativas para a cúpula.
A Casa Branca insiste em que o objetivo de Trump é a eliminação total "e sem demora" do programa norte-coreano de armas nucleares.
Em contrapartida, a Coreia do Norte reafirmou a urgência de alcançar a desnuclearização da península coreana, apontando diretamente para a enorme presença militar americana na Coreia do Sul.
Nesta mesma sexta, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, desmentiu sobre uma versão da imprensa e afirmou que Trump "não pediu ao Pentágono que ofereça opções para reduzir as forças americanas estacionadas na Coreia do Sul".
A resposta de Bolton também deve ser vista como a reação da Casa Branca aos setores mais conservadores, especialmente no Congresso, que não querem que os Estados Unidos cedam nas negociações que envolvem questões militares.
Trump, no entanto, manifestou nesta sexta uma posição mais pragmática, embora tenha concordado que uma redução de tropas americanas na Coreia do Sul "não está em jogo".
"Não nesse momento, com certeza", afirmou.
"Posso dizer a vocês que em algum momento no futuro eu gostaria de economizar algum dinheiro. Como sabem, temos 32.000 soldados" na Coreia do Sul, acrescentou o mandatário.
A situação dos soldados americanos em solo sul-coreano havia sido objeto de uma áspera controvérsia em Seul.
A polêmica surgiu depois que um funcionário de governo afirmou que essa presença militar necessariamente seria discutida se a Coreia do Sul e a Coreia do Norte selassem a paz definitiva à guerra que arrasou a península na década de 1950.
A discussão motivou a intervenção do próprio presidente Moon, que afirmou que a presença dessas tropas era resultado de um acordo "entre Coreia do Sul e Estados Unidos", e que, portanto, não tinha relação com a assinatura de um acordo de paz com a Coreia do Norte.