A empresa suíça Nestlé anunciou na última segunda-feira (7) o pagamento de uma licença de 7,15 bilhões de dólares que permitirá ao grupo comercializar produtos com a marca Starbucks em todo o mundo. O acordo, que não inclui nenhuma loja ou cafeteria Starbucks, dará a Nestlé, proprietária das marcas Nescafé e Nespresso, uma plataforma para continuar ampliando sua presença na América do Norte.
A Nestlé se concentra no café como principal motor de crescimento e fez algumas aquisições no setor recentemente. As atividades da Starbucks incluídas no acordo geram quase dois bilhões de dólares por ano em vendas e envolvem produtos como o café em grãos e moído, que a Nestlé venderá em supermercados de todo o mundo.
"Esta operação é uma etapa importante para nossas atividades de café, a categoria de maior crescimento da Nestlé", declarou Mark Schneider, diretor geral do grupo suíço, citado em um comunicado.
"As duas empresas têm uma autêntica paixão pelo café excepcional e estão orgulhosas de serem reconhecidas como líderes globais pela procedência responsável e sustentável de seu café", completou.
Quase 500 trabalhadores da Starbucks serão transferidos para a Nestlé, mas continuarão trabalhando em Seattle (Estados Unidos), anunciou a multinacional suíça. O presidente da Starbucks, Kevin Johnson, destacou um acordo "histórico", que criará uma "aliança global do café".
A Nestlé, sob pressão dos acionistas para melhorar sua rentabilidade, começou a mudar após a nomeação de Mark Schneider mo início do ano passado.
Schneider, que comandou o grupo alemão Fresenius, decidiu que o grupo suíço deve concentrar-se em um número limitado de setores, como a água engarrafada, a nutrição infantil e a alimentação para animais domésticos, com o café como máxima prioridade.
Os cafés da Nestlé, com a marca Nespresso, são onipresentes na Europa, mas nos Estados Unidos não registraram o mesmo sucesso. Nos últimos 15 anos, a Nestlé se concentrou em reforçar a presença no setor de café nos Estados Unidos, com a compra da empresas Blue Bottle Coffee em setembro e da Chameleon Cold Brew dois meses mais tarde.
Ao mesmo tempo, a multinacional vendeu a unidade de doces nos Estados Unidos para italiana Ferrero por quase 3 bilhões de dólares. Os analistas elogiaram o acordo.
"Mais uma vez a Nestlé surpreendeu os mercados com uma operação inesperada", afirmou Jean-Philippe Bertschy, da consultoria Vontobel. "O preço parece elevado, mas levando em consideração os lucros no negócio poderia superar os custos de capital em três ou quatro anos", completou. A transação, que precisa da aprovação das autoridades de regulamentação, deve ser finalizada ainda em 2018, segundo a Nestlé.