O histórico aperto de mãos e o acordo sobre uma desnuclearização da península coreana alcançado entre o presidente americano Donald Trump e o dirigente norte-coreano Kim Jong Un em Singapura, provocou nesta terça-feira reações positivas, mas também prudentes no mundo.
"O acordo de Sentosa de 12 de junho ficará registrado na história mundial como um acontecimento que pôs fim à Guerra Fria", declarou o presidente sul-coreano Moon Jae-in depois da reunião entre ambos os dirigentes.
Prestou homenagem a Kim Jong Un e a Donald Trump por sua "coragem e resolução".
"Hoje, o fato de os principais dirigentes dos dois países se sentarem juntos para negociações de igual a igual tem um significado importante e constitui o começo de uma nova história", informou à imprensa o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
"A China se alegra e dá seu apoio", acrescentou o ministro, perguntado se seu país se sente marginalizado pela aproximação entre Washington e Pyongyang. "Trata-se de um objetivo que esperávamos e pelo o qual trabalhamos", disse.
Wang defendeu uma "desnuclearização total", como exigem os Estados Unidos.
"Ao mesmo tempo é preciso um processo de paz para a península (coreana) para resolver as preocupações razoáveis da Coreia do Norte em matéria de segurança", afirmou o ministro chinês. "Ninguém pode duvidar do papel importante e único desempenhado pela China. E este papel continuará", prometeu.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, classificou a cúpula de "marco importante" em relação à desnuclearização da península da Coreia.
Guterres insistiu que se "aproveite esta oportunidade trascendental" e ofereceu novamente a ajuda da ONU para obter o objetivo de desmantelar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte.
"O simples fato de que esta reunião tenha acontecido já é positivo", celebrou o chefe da diplomacia russa Serguéi Lavrov.
"Só podemos dar as boas-vindas ao fato de que se deu um importante passo em frente. Claro, o diabo está nos detalhes e temos que olhar concretamente para isso. Mas o impulso, pelo que entendemos, aconteceu", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, à agência TASS.
A intenção de Kim Jong Un "de ver uma desnuclearização completa da península coreana foi confirmada por escrito. Eu apoio este primeiro passo em direção a uma resolução do conjunto dos assuntos que concernem à Coreia do Norte", declarou o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.
O documento assinado por Donald Trump e Kim Jong Un é um "passo significativo", saudou a ministra francesa das Relações Europeias Nathalie Loiseau, embora tenha manifestado dúvidas de que "tenha se conseguido tudo em poucas horas".
No entanto, a ministra lamentou que Washington tenha dois pesos e duas medidas, já que recentemente se retirou do acordo nuclear iraniano. Esse acordo internacional alcançado com Teerã em 2015 "é respeitado pelo Irã", enquanto que "assinar um documento com Kim Jong Un que chegou tão longe para obter a arma nuclear, está praticamente recompensando alguém que esteve contra todos os tratados internacionais", estimou.
A cúpula de Singapura "foi um passo crucial e necessário, disse em uma declaração a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
"O objetivo final, compartilhado por toda a comunidade internacional e expresso pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, continua sendo a desnuclearização completa, verificável e irreversível da península da Coreia", lembrou. A declaração conjunta assinada por Trump e Kim "dá um claro sinal de que este objetivo pode ser atingido".
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está "pronta para efetuar toda atividade de verificação" nas instalações nucleares norte-coreanas caso Washington e Pyongyang solicitem, afirmou seu secretário-geral Yukiya Amano, que "saúda" o resultado da cúpula.
"Temos que estar conscientes do fato de que foi uma reunião e negociações com um ditador cruel", disse Jacek Sasin, chefe do comitê permanente do Conselho de Ministros polonês.
"Historicamente, acordos como esses, com ditadores, costumam terminar mal. Foi demostrado que um ditador tem objetivos distintos da parte democrática que busca a paz. Este foi o caso de Hitler, de Stalin, durante as tentativas de boas relações com outros ditadores " (...) Espero que desta vez seja diferente", acrescentou.
"Eu acho positivo que tenha havido discussões que, visivelmente, se realizaram em um bom tom. A declaração resultante tem muitos pontos em comum com declarações similares que vimos no passado. É agora que começa uma grande parte do trabalho", disse a Ministra das Relações Exteriores da Noruega, Ine Eriksen Søreide, que considerou que "há muito o que fazer".