Justiça proíbe matar cachorros para consumo da carne na Coreia do Sul

A carne de cachorro faz parte da tradição culinária sul-coreana, mas o hábito tem diminuído com o tempo
AFP
Publicado em 21/06/2018 às 14:32
A carne de cachorro faz parte da tradição culinária sul-coreana, mas o hábito tem diminuído com o tempo Foto: Foto: YONHAP / AFP


Matar cachorros para obter sua carne é ilegal, decidiu um tribunal na Coreia do Sul, onde os defensores dos animais acreditam que a decisão pode significar um primeiro passo para a proibição do consumo.

A carne canina é parte da tradição culinária da Coreia do Sul, onde quase um milhão de cães são consumidos por ano, de acordo com estimativas.

A tradição, no entanto, está em queda. Um número cada vez maior de sul-coreanos considera o cachorro um amigo do homem e não um animal de fazenda destinado à mesa.

A prática é um tabu para os mais jovens, mas o tema ocupa uma zona cinzenta a nível jurídico ante a ausência de uma proibição específica.

Antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, em fevereiro, as autoridades alegaram regras sanitárias e leis de proteção aos animais que proíbem métodos cruéis para sacrificar animais em granjas e restaurantes.

A associação de defesa dos animais, Care, denunciou uma unidade da cidade Bucheon acusada de violar a regulamentação sanitária, as normas de construção e matar animais sem motivo.

O tribunal declarou a culpa da granja e o pagamento de multa de três milhões de wons (2.650 dólares). 

Kim Kyung-eun, advogado da Care, celebrou a decisão de abril que foi divulgada esta semana.  "É muito importante porque é a primeira decisão da justiça que estipula que matar cães por sua carne é ilegal por si só".

"A decisão abre o caminho para que o consumo de carne canina seja declarado completamente ilegal", completou.

A diretora da Care, Park So-youn, disse que pretende fazer um censo para apresentar ações similares no país. Um deputado apresentou esta semana um projeto de lei na Assembleia Nacional que proíbe de fato o consumo da carne de cachorro. Alguns sul-coreanos, no entanto, criticam a iniciativa e citam o peso cultural. A carne canina é considerada energética pelos defensores do consumo.

Uma pesquisa de 2017 mostrou que 70% dos sul-coreanos não comem carne de cachorro, mas apenas 40% são favoráveis à proibição do consumo. Os números refletem as divisões em outras sociedades asiáticas. Na China começa nesta quinta-feira o festival anual de carne canina de Yulin, alvo de críticas ocidentais.

Taiwan proibiu no ano passado o consumo de carne de cão.

A decisão de Bucheon irritou os criadores

"É um escândalo. Não podemos aceitar uma decisão que afirma que matar cães por sua carne é igual a matar animais por capricho", declarou Cho Hwan-ro, representante de uma associação de criadores que deseja a legalização do consumo e a autorização de matadouros específicos. 

 

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