ONU nomeia representante especial para crise migratória venezuelana

Nomeação acontece depois que a Colômbia pediu ajuda para enfrentar o fluxo de venezuelanos que fogem da crise no seu país
AFP
Publicado em 20/09/2018 às 2:24
Nomeação acontece depois que a Colômbia pediu ajuda para enfrentar o fluxo de venezuelanos que fogem da crise no seu país Foto: Foto: LUIS ROBAYO / AFP


O ex-vice-presidente da Guatemala Eduardo Stein foi nomeado nessa quarta-feira (19) representante especial da ONU para os refugiados e migrantes da Venezuela, depois que a Colômbia pediu ajuda para enfrentar o fluxo de venezuelanos que fogem da crise no seu país.

Eduardo Stein "trabalhará para promover o diálogo e o consenso necessários para a resposta humanitária, incluindo o acesso ao território, proteção dos refugiados, estatuto regular e a identificação de soluções para refugiados e migrantes venezuelanos", assinalaram em um comunicado conjunto a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O ex-vice-presidente guatemalteco, que ocupou o cargo entre 2004 e 2008, "promoverá um enfoque regional coerente e harmonizado diante da situação da Venezuela em coordenação com os governos nacionais, as organizações internacionais e outros atores relevantes", explica o texto.

A nomeação chega dois dias depois de o chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, pedir em Genebra a criação de "um fundo humanitário de emergência para fortalecer a capacidade orçamentária a fim de fazer frente" à crise política e econômica na Venezuela.

O titular das Relações Exteriores colombiano também assinalou "a necessidade da designação de um funcionário de alto escalão dentro do âmbito da ONU, cuja tarefa seja coordenar a ação multilateral".

"Quanto mais cedo melhor, porque a crise aumenta de maneira dramática a cada dia", disse Trujillo na segunda-feira à imprensa, após se reunir com a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

A Colômbia, que compartilha 2.200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, já havia advertido nas últimas semanas que não tinha capacidade para enfrentar sozinha a chegada de migrantes venezuelanos, que ultrapassou um milhão de pessoas nos últimos anos, dos quais 820.000 regularizaram a sua situação.

"Receio que esse número seja maior e estamos muito preocupados com a tendência que esses números estão apresentando, porque se continuarmos assim estaríamos falando de cerca de quatro milhões de venezuelanos no final deste ano fora de seu país", alertou Trujillo.

Crise migratória

Segundo a ONU, dos 2,3 milhões de venezuelanos que vivem no exterior, mais de 1,6 milhão deixaram o país desde 2015, quando começaram a sentir as consequências da crise nacional.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rejeitou ofertas de ajuda de diferentes países, incluindo a Colômbia, e nega que haja uma crise migratória.

No início de setembro, líderes de 11 países latino-americanos reunidos em Quito pediram a Maduro para aceitar a ajuda humanitária, a fim de "descomprimir" a crise que está por trás do êxodo dos venezuelanos, "dando atenção imediata na origem dos cidadãos afetados".

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, também anunciou há duas semanas a criação de um grupo de trabalho para avaliar o impacto da migração venezuelana e levantar fundos para cumprir as recomendações.

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