Milhares de migrantes hondurenhos, que cruzam o México determinados a chegar aos Estados Unidos, retomaram nesta quarta-feira (24) sua marcha em um percurso estimado em 12 horas.
Com seus poucos pertences nas costas e uma grande presença de mulheres, algumas adolescentes, e crianças, os migrantes partiram antes do amanhecer da comunidade de Huixtla, no estado de Chiapas, onde acamparam na terça-feira para descansar.
"Ontem descansamos um pouco e tomamos banho no rio. Recuperamos um pouco as forças, mas o sol tem nos castigado", relatou à AFP Ulises Fernandez, um agricultor de 22 anos, passando pela cidade de Acacoyagua em um moto-táxi.
Os migrantes estão determinados a chegar à fronteira, apesar dos avisos do presidente americano Donald Trump de que serão rejeitados, argumentando que entre eles há potenciais "criminosos" e "desconhecidos" vindos do Oriente Médio. O republicano reconhece que não tem provas dessas afirmações.
A ONU estima que cerca de 7.000 pessoas estejam nesta caravana.
Os migrantes, fugindo da pobreza e da violência em Honduras, viveram dias exaustivos em seu trajeto até o México.
"Coragem, irmãos!", gritavam para eles os moradores de Acacoyagua, vilarejo ao lado da Sierra Madre Occidental.
"México, México!", respondiam os migrantes, agradecendo a água e a comida oferecida pelos locais.
Alguns caminham com dificuldade em razão das feridas abertas por tanto andar, enquanto outros empurram carrinhos com as crianças menores.
Acacoyagua fica a cerca de 100 km de Ciudad Hidalgo, na fronteira com a Guatemala, onde na sexta-feira eles entraram no México em debandada.
Para chegar à fronteira com os Estados Unidos, restam cerca de 3 mil quilômetros, dependendo da rota que decidirem tomar.
Trump garantiu que vai cancelar a ajuda ao desenvolvimento na América Central se esse êxodo continuar e exigiu que o México impeça o avanço dos migrantes.
O México advertiu que somente aqueles com documentos legais entrariam da Guatemala, mas a maioria entrou clandestinamente através do rio Suchiate, a linha divisória natural entre os dois países.
Por vezes, a polícia mexicana acompanha os migrantes, mas sem impedir sua passagem.
Até segunda-feira, 1.699 pedidos de refúgio foram registrados no México, principalmente de menores de idade com suas mães e mulheres, de acordo com o governo mexicano.
Esses migrantes foram acomodados em um convento em Tapachula, Chiapas, onde são atendidos pelas autoridades.
Organizações que os defendem acusam o governo mexicano de violar seus direitos ao praticamente detê-los.