Um grupo de 18 congressistas democratas assinaram uma carta dirigida ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, criticando as posturas do candidato favorito às eleições no Brasil, Jair Bolsonaro, e pedindo que deixe claro que os Estados Unidos considerem "inaceitáveis" muitas de suas atitudes.
"Um extremista de ultradireita chamado Jair Bolsonaro é o principal concorrente para as eleições presidenciais de 28 de outubro no país e está beneficiando-se de uma campanha eleitoral marcada pela violência política e por um dilúvio de notícias falsas e de desinformação", afirmaram os congressistas na introdução da carta.
A mensagem foi assinada pelos representantes democratas Alma Adams, Raúl Grijalva, Pramila Jayapal, Hank Johnson, Barbara Lee, Alan Lowenthal, Betty McCollum, James P. McGovern, Eleanor Holmes Norton, Frank Pallone, Mark Pocan, Jamie Raskin, Bobby L. Rush, Jan Schakowsky, José E. Serrano, Nydia M. Velázquez e Keith Ellison.
Na carta, os congressistas disseram ao secretário de Estado que é fundamental que o governo americano condene qualquer tipo de violência política no Brasil.
Os congressistas criticaram que Bolsonaro elogie frequentemente a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e que sustente um discurso de ódio em relação às minorias. O candidato é conhecido por suas declarações incendiárias e seus comentários misóginos e homofóbicos.
"Pedimos ao senhor que deixe claro ao governo do Brasil que os Estados Unidos consideram que essas posições são inaceitáveis e que terá consequências severas caso Bolsonaro siga em frente com as ameaças pronunciadas durante a campanha presidencial", afirmaram os legisladores.
Os congressistas disseram que, consideradas as repercussões regionais de uma vitória de Bolsonaro, esta não é uma ameaça que possa ser minimizada.
"Corresponde ao senhor e a outros porta-vozes de nosso governo condenar qualquer tipo de violência política no Brasil e adotar uma postura firme de oposição a um retrocesso deste tipo, deixando claro que a assistência e a cooperação dos Estados Unidos com o Brasil depende da defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos", concluíram.
Alexander Main, diretor de política internacional do Centro de Pesquisa de Economia e Política (CEPR, na sigla em inglês), explicou à AFP que é raro que os membros do Congresso adotem posturas públicas sobre um candidato estrangeiro durante a campanha.
"Neste caso, alguns membros do Congresso se motivaram a falar devido à enorme preocupação de que o potencial ganhador do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil possa seguir em frente com suas ameaças de expurgar a oposição de esquerda e estabelecer um regime militar de fato, ainda que por via democrática", afirmou o especialista.