"O Exército europeu" proposto por Emmanuel Macron não tem como objetivo se proteger dos Estados Unidos - declarou a Presidência francesa, que alegou uma "confusão" na interpretação das declarações do presidente francês e que provocaram uma forte reação de Donald Trump.
As declarações de Macron na terça-feira, em uma entrevista com a rádio Europe 1, na qual defendeu a criação de um "verdadeiro Exército europeu", foram seguidas de um tuíte incendiário de Trump na sexta-feira (9), quando aterrissou em Paris. Nele, considerou "insultante" a Europa querer se proteger dos Estados Unidos.
Na entrevista, Macron se referiu sucessivamente a vários temas: as ameaças de intrusão no ciberespaço para a Europa e a retirada dos Estados Unidos do Tratado de Mísseis de Médio e Curto Alcance (INF, na sigla em inglês), concluído durante a Guerra Fria.
"Entendo que a sucessão de temas na entrevista tenha podido provocar uma confusão, mas se trata de dois temas distintos: o tratado INF e o tema de uma força de defesa europeia", disse a Presidência francesa à imprensa.
Macron "nunca disse que se teria que criar um Exército europeu contra os Estados Unidos", acrescentou.
Na medida em que a retirada do tratado INF "se refere à segurança da Europa, é necessário que a Europa esteja associada às conversas sobre este tema", acrescentou a mesma fonte.
"Certamente falaremos (sobre esta questão) esta manhã", disse a Presidência, no momento em que Trump chegava ao Palácio Eliseu, sede da Presidência francesa, para se reunir com Macron.
Na terça, Macron havia dito: "Estamos sendo abalados por tentativas de intrusão no ciberespaço e intervenções exteriores em nossa democracia, de vários. Devemos nos proteger frente à China, Rússia e até Estados Unidos".
E acrescentou: "Quando vejo o presidente Trump anunciar, há umas semanas, que sai de um grande tratado de desarmamento, que foi firmado - gostaria de lembrá-los - depois da crise dos euromísseis que tomou a Europa nos anos 1980... Quem é a principal vítima? Europa e sua segurança".