Os manifestantes que protestam contra a alta dos preços dos combustíveis na França prosseguiam bloqueando nesta segunda-feira (19), pelo terceiro dia consecutivo, as estradas de todo o país. Segundo a polícia, no início do dia já eram registradas 110 ações em todo o país, muito abaixo das contabilizadas no sábado e no domingo.
"A mobilização não é tão grande quanto a de sábado", assinalou ao canal CNews Laurent Nuñez, secretário de Estdo do ministério do Interior.
Nesse sábado (17), cerca 290.000 pessoas se manifestaram contra a alta dos preços do combustível e a queda do poder aquisitivo bloqueando estradas, postos de gasolina e postos de pedágio em todo o país. Já nesse domingo (18), segundo estimativas da polícia, foram 46.000 pessoas que saíram às ruas em protesto na França.
O chamado movimento dos "coletes amarelos", uma referência à jaqueta que os motoristas devem usar para ter maior visibilidade em caso de acidente na França, protesta contra a alta do preço dos combustíveis e um imposto ecológico e tem o apoio de 73% dos franceses, segundo o instituto de opinião Elabe.
O primeiro-ministro, Edouard Philippe, declarou no domingo à noite ter escutado a "irritação" e o "sofrimento", mas afirmou que seu governo manterá "o rumo estabelecido". O presidente Macron não se pronunciou sobre as manifestações. O ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, indicou ao jornal Le Parisien que o governo seguiria "a trajetória prevista" em termos de tributação ecológica.
No segundo dia de manifestações uma pessoa ficou gravemente ferida quando um dos motoristas forçou passagem em um das zonas bloqueadas pelos coletes amarelos, indicaram diferentes fontes. No primeiro dia, uma manifestante de 63 anos morreu atropelada por uma motorista que entrou em pânico ante a agressividades dos participantes nos protestos. Até o momento, mais de 400 pessoas ficaram feridas, 14 com gravidade, e 282 foram presas.
Apesar de não conseguirem paralisar toda a França, o país se viu afetado por suas ações, organizadas sem a presença de partidos políticos e sindicatos.
O governo francês anunciou nessa quarta-feira (15) medidas para ajudar as famílias mais pobres a cobrir os gastos com energia, mas manteve o imposto sobre o combustível que desencadeou esse protesto. "Nós não vamos anular o imposto sobre as emissões de carbono, não vamos mudar de curso, não vamos desistir de fazer frente ao desafio" da mudança climática, disse o primeiro-ministro durante a semana.
O novo imposto começará a ser aplicado em 1º de janeiro de 2019 e envolverá um aumento de 6,5 centavos de euro por litro de gasóleo e 2,9 centavos por litro de gasolina.
O governo também anunciou um bônus de até 4.000 euros para incentivar 20% das famílias mais pobres a trocar de carro e comprar uma versão menos poluente. Até agora, o bônus era de até 2.500 euros para trocar o carro antigo.
No mesmo dia do anúncio, o presidente Macron fez um mea culpa sem precedentes, admitindo que não conseguiu "reconciliar o povo francês com seus líderes" e prometeu uma "reconciliação entre a base e o topo" do país.