A primeira-ministra britânica, Theresa May, se reúne novamente nesta sexta-feira (14) com os líderes europeus, que rejeitaram nessa quinta-feira (13) suas tentativas de obter mais concessões ao acordo de divórcio, o que aproxima o cenário de um temido Brexit duro.
"Objetivamente, os sinais que tivemos ontem não foram especialmente tranquilizadores sobre a capacidade do Reino Unido de cumprir o compromisso acertado", afirmou o primeiro-ministro belga, Charles Michel.
Uma Theresa May aliviada depois de superar uma moção de censura dentro do Partido Conservador pediu um voto de confiança aos sócios europeus e a concessão das garantias necessárias para evitar a rejeição do Parlamento britânico ao acordo de divórcio. Os europeus criticaram, no entanto, a "nebulosa" das demandas da premier na quinta-feira, nas palavras do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e pediram que ela apresente planos claros, o que aumenta a pressão sobre a britânica.
Uma fonte que acompanhou o discurso de May descreveu à AFP uma primeira-ministra incapaz de articular um discurso coerente, que chegou a citar o espírito de Natal e que não conseguiria especificar o apoio ao acordo em Westminster.
A chave para conseguir o primeiro acordo de divórcio de um país em seis décadas de projeto europeu está de fato entre os muros deste palácio de estilo neogótico, sede do Parlamento britânico às margens do Tâmisa.
"O fato é que, por razões políticas internas no Reino Unido, algumas pessoas tentam colocar em perigo a futura relação com a UE", afirmou o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, para quem o problema está nos deputados britânicos.
Apesar da vitória de May em Londres para evitar a moção de censura, a rejeição em Westminster ao acordo de divórcio ainda é possível, especialmente por conta do mecanismo de último recurso acordado para evitar uma fronteira de bens entre Irlanda e Irlanda do Norte, conhecido como 'backstop'.
Os partidários mais ferrenhos do Brexit temem que país fique atrelado a um "território alfandegário comum" com a UE e nunca recupere sua liberdade comercial, caso o mecanismo entre em vigor pela falta de uma alternativa melhor nas negociações da futura relação comercial. Diante de uma possível derrota, May adiou a votação, prevista para terça-feira passada, para janeiro (dia 21 no mais tardar) e iniciou uma ofensiva diplomática para tentar obter as "garantias corretas" dos sócios europeus de que o 'backstop' não será utilizado.
Em um gesto a Theresa May, os 27 prometeram trabalhar com rapidez em um acordo durante o período de transição para evitar a entrada em vigor do 'backstop' e que, caso seja utilizado, um "empenho máximo" para substituí-lo por outro pacto. Os sócios europeus decidiram, no entanto, retirar da declaração dessa quinta-feira (13) um parágrafo sobre a disposição de conceder novas garantias, ante a "confusão" das palavras da 'premier', afirmou à AFP uma fonte diplomática.