O balanço oficial de vítimas na tragédia foi elevado nesta segunda-feira (22), com o número de mortos chegando a 290 e o de feridos a 500.
A quantidade exata de estrangeiros mortos "é difícil de determinar", segundo as autoridades. Até o momento, são 37, dos quais 11 já foram identificados - incluindo indianos, portugueses, turcos, britânicos e americanos.
No necrotério da capital, Colombo, o cenário nesta segunda-feira era de desolação. "A situação não tem precedente", afirmou uma autoridade que pediu para não ser identificada. "Pedimos aos parentes que forneçam amostras de DNA para ajudar a identificar alguns dos corpos (muito mutilados)."
Uma mulher, cujo irmão mais velho e os três filhos morreram em um dos ataques, teve uma crise de choro depois de identificá-los, um por um, por fotos. O mais novo de seus sobrinhos "era um lindo bebê de apenas oito meses", afirmou. "O que ele fez para merecer isso?"
Dilip Fernando, um católico de Negombo, cidade 30 km ao norte de Colombo, estava na frente da Igreja de São Sebastião - onde não entrou no domingo em razão da lotação, salvando-se por pouco da matança provocada por um homem-bomba no local.
"Se esta manhã a igreja estivesse aberta, teria entrado. Não temos medo. Não deixaremos os terroristas ganharem, nunca! Seguirei indo às igrejas", afirmou.
O porta-voz do governo do Sri Lanka, Rajitha Senaratne, afirmou nesta segunda-feira (22) que um grupo islamista local, chamado National Thowheeth Jama'ath (NTJ), está por trás dos atentados.
Apesar dos sete autores serem do Sri Lanka, há suspeitas de eventuais vínculos da organização com grupos estrangeiros, segundo o porta-voz. "Não acreditamos que uma organização pequena deste país possa fazer tudo isso. Estamos investigando o apoio internacional e outros vínculos", disse Senaratne.
Uma nota divulgada há 10 dias pela polícia cingalesas alertava que o NTJ estava preparando atentados contra algumas igrejas e a embaixada da Índia na capital, Colombo. O grupo, que é pouco conhecido, praticou atos de vandalismo contra estátuas budistas no ano passado.
As explosões coordenadas em três igrejas e quatro hotéis colocam em evidência a ameaça à coexistência religiosa na Ásia, onde governantes têm chegado ao poder enfatizando suas origens étnicas e religiosas.
O governo do Sri Lanka informou que vários terroristas se suicidaram nos atentados em série do domingo de Páscoa. "A maioria foi de ataques suicidas. Com base nisso, estamos fazendo operações e detenções. Também foram realizadas inspeções em seus lugares de treinamento", disse Rajtha Senraratne em entrevista coletiva.
As autoridades também informaram que o número de presos por conexões com as explosões chegou a 24. Não foram divulgadas, no entanto, mais informações sobre os presos.
O presidente Maithripala Sirisena comandou nesta segunda uma reunião do Conselho de Segurança do país ao retornar de uma viagem ao exterior.
Nesta segunda, o governo decretou a entrada em vigor do estado de emergência a partir da meia-noite. "O objetivo é autorizar a polícia e as três forças (armadas) a garantir a segurança pública", afirmou a presidência do país em comunicado oficial.
Na noite de domingo, uma bomba de fabricação caseira foi encontrada e desativada na avenida que leva ao aeroporto de Colombo, já sob forte esquema de segurança.
Nesta segunda, a polícia do Sri Lanka afirmou que encontrou 87 detonadores em uma estação de ônibus em Bastian Mawatha de Pettah, um bairro da capital situado no meio do caminho entre os hotéis e as igrejas onde ocorreram as explosões.
Doze detonadores estavam no chão e os outros 75 em uma lata de lixo próxima. "Nenhum suspeito foi detido. A polícia de Pettah continua sua investigação", informaram as autoridades, em referência ao bairro da capital no qual foram encontrados os detonadores.
Pouco depois, foi registrada uma nova explosão na capital durante uma operação para desativar outra bomba, localizada em um veículo estacionado perto de uma das igrejas atacadas na véspera, segundo a polícia. Ainda não se sabe se há vítimas nessa explosão.