Militares e manifestantes da oposição se enfrentam na Venezuela

Os protestos contra o governo de Nicolás Maduro levaram a confrontos que deixaram 27 feridos em Caracas, segundo serviços de saúde
AFP
Publicado em 01/05/2019 às 21:39
Foto: Matias Delacroix / AFP


Os protestos contra o governo de Nicolás Maduro levaram a confrontos que deixaram 27 feridos em Caracas, segundo serviços de saúde, um dia após a tentativa fracassada de rebelião militar promovida pelo líder opositor Juan Guaidó.

Uma caminhonete foi queimada por manifestantes no portão da base militar de La Carlota, onde na terça-feira um grupo de agentes se rebelou contra o mandatário socialistas. 

Após várias horas de confrontos entre militares e opositores, que trocaram bombas de gás lacrimogêneo, pedras e coquetéis molotov, cerca de 30 pessoas conseguiram atravessar um veículo por um buraco aberto no portão no dia anterior e atearam fogo. 

Matias Delacroix / AFP
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Federico Parra/AFP
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Os confrontos começaram quando uma grande mobilização convocada por Guaidó, reconhecido presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países, foi desviada para a rodovia central Francisco Fajardo. 

Dezenas de homens encapuzados chegaram ao perímetro da instalação militar.

Segundo os serviços de saúde da Prefeitura de Chacao, de oposição, epicentro dos confrontos entre manifestantes e militares e policiais, um dos 27 atendidos no município tinha sido baleado.

Os confrontos se espalharam para os arredores. 

Um manifestante disparou contra soldados que estavam vigiando entre veículos blindados em uma avenida que se conecta com La Carlota e que havia sido bloqueada por barricadas de arame farpado, lixo e destroços. 

Os agentes responderam com várias explosões e tiros, forçando os oponentes a recuar. 

A AFP observou a polícia disparando bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha diretamente na imprensa. Gregory Jaimes, jornalista da estação de TV digital VPI, foi atingido no rosto.

Outras áreas de Caracas também viveram momentos de caos. A Guarda Nacional militar impediu com gases o avanço de uma pequena mobilização no setor de El Paraíso, no oeste, a cerca de 4 km do palácio presidencial de Miraflores.

Em La Florida, membros da oposição denunciaram "repressão" da Guarda Nacional e da Polícia e tiveram que se refugiar dos gases lacrimogêneos em uma igreja.

Ontem, durante o frustrado levante militar liderado por Guaidó, houve distúrbios em várias cidades. De acordo com o governo e com organizações dos direitos humanos, uma pessoa morreu, dezenas ficaram feridas e 150 foram presos.

Uso excessivo da força

Nesta quarta, os Estados Unidos condenaram os ataques contra "manifestantes pacíficos", afirmou o representante de Washington em um conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), Alexis Ludwin.

"Os Estados Unidos condenam, nos termos mais firmes, estes ataques contra manifestantes pacíficos", declarou Ludwin.

A sessão extraordinária dedicada à situação na Venezuela foi inaugurada pelo delegado do líder opositor venezuelano Juan Guaidó, o advogado Gustavo Tarre. Ele ocupa a cadeira de Caracas, depois que a OEA decidiu, em votação, não reconhecer os representantes de Maduro.

Tarre pediu que fossem exibidas imagens registradas pela imprensa na Venezuela, ontem.

"Estes ataques não vão silenciar o povo venezuelano. O povo conhece a verdade", frisou o delegado dos Estados Unidos.

Também nesta quarta, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, advertiu as autoridades venezuelanas para que evitem um "uso excessivo da força" contra os manifestantes. Ela convocou todas as partes a "renunciarem à violência".

"O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está extremamente preocupado com as informações sobre o uso excessivo da força por parte das forças de segurança contra manifestantes na Venezuela, o que aparentemente deixou dezenas de feridos", declarou a porta-voz de Bachelet, Marta Hurtado, em um comunicado.

"Segundo informações recebidas, muitos outros foram detidos", completou.

"Diante dos protestos em massa programados para hoje, fazemos um apelo a todas as partes para que mostrem a máxima moderação e, às autoridades, para que respeitem o direito à reunião pacífica", afirmou Hurtado.

"Também advertimos contra o uso de uma linguagem que incite à violência", acrescentou.

Na declaração, a porta-voz de Bachelet lembra o governo venezuelano de seu dever de garantir a proteção dos direitos humanos de todos e ressalta que esta agência da ONU "continuará monitorando a evolução da situação no país".

A diretora do Unicef, Henrietta Fore, pediu na quarta-feira que sejam adotadas "medidas imediatas para proteger as crianças da violência" na Venezuela. 

"As manifestações de rua potencialmente violentas na Venezuela colocam crianças e jovens em risco de serem feridos", disse em comunicado a diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Nova York. 

"As crianças e jovens da Venezuela devem poder desfrutar de seus direitos (...) em toda a segurança, em todos os momentos", acrescentou, após indicar que pelo menos 15 adolescentes entre 14 e 17 anos ficaram feridos na terça-feira.

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