A Polícia Federal (PF) prendeu três homens nesta terça-feira (20) acusados de comandar um esquema para levar ilegalmente estrangeiros para os Estados Unidos (EUA), passando pelo Brasil.
Nenhum deles é brasileiro, um é argelino, o outro sul-africano e o último iraniano. Segundo a investigação, eles falsificavam vistos para que pessoas da África Oriental pudessem entrar no país pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos. Foram identificadas 72 pessoas que teriam sido levadas pela quadrilha.
A investigação começou em julho do ano passado, com informações da agência norte-americana de imigração. Os depoimentos de quatro pessoas que entraram ilegalmente nos Estados Unidos apontaram para a existência da quadrilha que operava em São Paulo. Os imigrantes pagavam, de acordo com a PF, entre US$ 5 mil e US$ 7 mil para fazer a travessia do país de origem até a fronteira com os EUA.
De São Paulo, as pessoas eram levadas para Rio Branco, no Acre, onde atravessavam a fronteira para o Peru. O trajeto, que chegava a durar 90 dias, envolvia ainda passagens pelo Equador, Colômbia e Panamá, inclusive em áreas de floresta. Os imigrantes vinham de países como Somália, Iêmen, Tanzânia, Quênia, Etiópia e Eritreia. A maioria são homens entre 20 e 30 anos de idade.
O refugiado argelino é apontado como líder da quadrilha. Segundo a polícia, ele vivia em uma ocupação e tinha uma agência de turismo, que usava para operar o esquema. O iraniano estava no Brasil com um visto de investidor e o sul-africano também tem refúgio concedido pelo governo brasileiro. Além das informações fornecidas pelas autoridades estrangeiras, a Polícia Federal interceptou ligações telefônicas e e-mails dos acusados de envolvimento.
Foram cumpridos também quatro mandados de busca e apreensão nas residências e locais de trabalho dos acusados. Foi negado pela Justiça, no entanto, o pedido da polícia para fazer uma busca em uma mesquita. “Em diálogos interceptados, ele comentava com a namorada que guardava dinheiro falso na mesquita. Há indicativos de que ele poderia ocultar na mesquita tanto passaportes falsos como moeda falsa”, justificou o delegado Milton Fornazari sobre o pedido feito em relação ao templo religioso.
Entre as pessoas que chegaram aos Estados Unidos estão dois homens vindos da Somália que, de acordo com as autoridades norte-americanas, fazem parte do grupo terrorista Al-Shabaab. A organização fundamentalista islâmica é ligada a Al-qaeda.
Segundo o delegado Milton Fornazari, a capital paulista é atualmente um ponto fundamental para imigrantes de outros continentes que pretendem entrar ilegalmente em solo norte-americano. “O que nós identificamos é que hoje a maior rota para a imigração ilegal para os Estados Unidos se inicia em São Paulo. São Paulo é a porta de entrada no Continente Americano para essa rota terrestre de imigrantes que vem de outros continentes”, enfatizou.