Os habitantes do norte das Bahamas, duramente atingidos pela passagem do furacão Dorian, foram convidados a se proteger ante a aproximação da tempestade tropical Humberto. "A tempestade deverá trazer ventos de força tropical e fortes chuvas para parte do norte das Bahamas", alertou o Centro Nacional de Furacões (NHC), que convocou a população a seguir as recomendações das autoridades locais, que pediram aos habitantes de Grand Bahama cujas residências foram danificadas pelo Dorian que procurassem abrigos de emergência.
"Não assumam nenhum risco. O solo está saturado e poderia haver inundações rapidamente", alertaram. A tempestade, quase estacionada, encontrava-se, na manhã deste sábado, a 45 km da ilha de Grand Abaco, que há duas semanas foi devastada pelo Dorian, que deixou 52 mortos.
Com ventos de 85 km/h e chuvas que poderiam chegar a 150 mm, a tempestade parece ser menos perigosa do que o Dorian, cujos ventos atingiram 295 km/h, mas poderia terminar de derrubar casas e prédios já atingidos e dificultar a distribuição de ajuda.
Humberto deve começar a se afastar das Bahamas até a tarde, seguindo para noroeste. No domingo poderá se tornar um furacão, mas já distante do arquipélago e da costa americana, segundo o NHC.
A sucessão de fenômenos climáticos extremos nas Bahamas é consequência do aquecimento global, estimou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que chegou na sexta-feira (13) àquele arquipélago. "Em nossa nova era de crise climática, os furacões e tempestades são sobrealimentados", disse em discurso na noite desta sexta. "Eles acontecem com maior intensidade e frequência, um resultado direto do aquecimento dos oceanos."
O chefe da ONU assinalou que os países mais afetados são os que emitem menos gases do efeito estufa. "As Bahamas são um exemplo muito bom", destacou, convocando a comunidade internacional a agir com urgência. "Convoco todos os dirigentes a comparecerem à reunião de cúpula sobre o clima na semana que vem, em Nova York, com propostas, não apenas discursos", proclamou.
A ajuda continua chegando às Bahamas, principalmente a Abaco e Grand Bahama, mas os danos são enormes e a passagem de Humberto poderia prejudicar a distribuição.
"O mau tempo tornará mais lenta a logística, no momento que, em Abaco, há uma grande necessidade de combustível e água", alertou o porta-voz da Agência de Situações de Emergência das Bahamas (Nema), Carl Smith.
O porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Hervé Verhoosel, disse que os voos para Marsh Harbour, maior cidade das ilhas Abaco, foram suspensos devido à tempestade.
Mais de 2 mil habitantes de Abaco e Grand Bahama permanecem em abrigos, e as autoridades tentam localizar 1,3 mil desaparecidos, segundo Carl Smith.
O número oficial de mortos como consequência do Dorian deve aumentar a partir da identificação dos corpos resgatados, apontaram autoridades.
As equipes internacionais de resgate "enfrentam desafios logísticos sem precedentes" em áreas de difícil acesso e ante o número considerável de deslocados, assinalou a Agência Federal de Situações de Emergência dos Estados Unidos.