O pernambucano Clefferson Carneiro mora há 20 anos na Itália, país da Europa considerado foco do novo coronavírus (Covid-19) no velho continente e, nesta sexta-feira (28), em entrevista ao JC, descreveu a situação de Milão, onde vive desde o início dos anos 2000. Segundo o empresário, dono de um café na cidade, os italianos vivem um caos com ruas desertas, escassez de alimentos nos supermercados, lojas e restaurantes com horário reduzido e escolas e universidades com aulas suspensas. Além disso, ele relata as mudanças no comportamento das pessoas por causa da doença que tem causado medo e afastado amigos.
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“O primeiro caso do coronavírus na Itália, na quinta-feira passada (20 de fevereiro), foi um choque muito forte para todos, porque sabíamos que tinha uma coisa na Ásia, mas não tínhamos perspectiva de acontecer aqui”, contou Clefferson Carneiro.
Pai de dois meninos de 5 e 6 anos, o empresário afirmou que, ao saber da confirmação da primeira contaminação pelo Covid-19 no país em que mora, temeu pelos seus filhos. “Quando eu recebi a notícia, eu fiquei em choque pelas crianças. Eu tenho dois filhos, então eu pensei: "meu Deus do céu, será que isso vai atacar as crianças? Será que vai chegar àquela situação que estava lá na Ásia?”, falou.
Na Itália, o novo vírus já matou 14 pessoas e infectou, ao todo, 528, segundo a agência de proteção civil do país, que confirmou, nessa quinta-feira (27), duas mortes por Covid-19.
A explosão de casos de contaminação pelo novo coronavírus na Itália já afetou outros nove países, incluindo o Brasil, e tem causado pânico entre os italianos, que já sentem a falta de alimentos e itens básicos de higiene nos supermercados. "Na sexta-feira (21) eu fui ao supermercado e vi as pessoas entrarem em paranoia. Elas fizeram confusão porque encontravam os supermercados lotados, mas não havia nada (nas prateleiras)", falou.
“Só pude comprar pouca coisa, que era o que tinha no supermercado. Comprei macarrão e atum. Não havia mais água, não tinha leite, carne fresca e frango. Não tinha nada. As prateleiras estavam vazias. Voltei ao supermercado nessa quinta (27) e encontrei o serviço se normalizando aos poucos, voltando a ser abastecido, porque houve reforço, mas ainda não está como geralmente”, afirmou Clefferson Carneiro, que voltou a lembrar do medo da população.
“O povo todo está assustado, apavorado, então. Hoje, você não acha máscaras, álcool em gel não existe em canto nenhum, e há muito pouca gente na rua. As escolas e as universidades estão todas fechadas, não tem previsão de reabrir”, relatou. Como não há máscaras nem álcool em gel para vender, muitas pessoas têm ido até a Suíça para comprar, segundo ele.
Segundo Clefferson, as instituições de ensino da região da Lombardia, onde mora, tiveram que suspender suas aulas e atividades desde a sexta-feira (21) por ordem do Ministério da Saúde italiano. A previsão era que as aulas voltassem normalmente na próxima segunda-feira (2), porém o prazo de fechamento das escolas e universidades foi alongado e espera-se que em 5 de março de 2020 alunos e professores possam voltar a frequentar as instituições.
“Por isso, as crianças, como nossos filhos, estão trancados dentro de casa, porque não dá para sair com elas na rua. Está frio, está um caos, porque todo mundo está muito preso dentro do seu espaço com medo”, contou. “Nessa quinta eu tentei ir com os meninos a um parque perto da minha casa, onde há pula-pula e escorrego, mas está fechado. O governo mandou fechar para evitar a contaminação”, completou.
O papa Francisco cancelou todas as audiências desta sexta-feira, 28, de acordo com comunicado oficial emitido pelo Vaticano pela manhã. Na nota, não há explicação para os cancelamentos, mas o pontífice já havia desistido de uma missa na véspera por estar "gripado" e com uma "leve indisposição". Na quarta-feira (26), o papa se encontrou com fiéis numa basílica em Roma, onde prestou solidariedade aos pacientes que contraíram o novo coronavírus, que já se espalhou por mais de 30 países. No evento, o líder religioso apertou a mão e beijou o rosto de algumas das mais de 400 pessoas que o assistiam.
O diretor de Comunicação do Vaticano, Matteo Bruni, informou que Francisco celebrou a habitual missa da manhã na capela de sua residência privada de Santa Marta, no Vaticano, e saudou os presentes. Na ocasião, ele recebeu algumas pessoas no local, como previsto, dentre as quais estavam o presidente do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli.
O porta-voz do Vaticano não se referiu ao estado de saúde do papa, de 83 anos. Na quarta-feira, 26, em geral um dia de agenda mais tumultuada, Francisco estava resfriado e tossia com frequência durante a audiência geral organizada ao ar livre na Praça de São Pedro.
No próximo domingo, dia 1º, ele deve ir para um retiro espiritual em Ariccia, perto de Roma, depois de ter celebrado o Ângelus da sacada do Palácio Apostólico. (Com agências internacionais).
Cinco casos suspeitos do novo coronavírus são investigados em Pernambuco, segundo número divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, nessa quinta-feira (27, em coletiva de imprensa. A maior parte delas são pernambucanas e todas estiveram recentemente na Itália, país onde casos de contaminação pelo Covid-19 aumentaram rapidamente desde o sábado (22).
Dos três casos suspeitos divulgados na quarta-feira (26), o de um homem de 41 anos, que estava internado em um hospital particular do Recife, foi descartado. O exame testou positivo para influenza B. Dos casos divulgados nesta quinta-feira (27), um deles é o de um homem de 37 anos que está na UTI do Hospital Oswaldo Cruz por ter apresentado alteração no raio-x de tórax.
1º caso - Uma mulher pernambucana, de 51 anos, que desembarcou no Recife na tarde da última terça (25.02) em voo doméstico proveniente da Itália (país europeu com casos confirmados do vírus) com conexão em São Paulo. A paciente foi atendida ainda no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes por equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para primeiro atendimento. Em seguida, ela foi levada em ambulância do Samu Recife para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), uma das referências estaduais para atendimento de casos suspeitos do coronavírus. Desde então, ela está no isolamento. Nesta quarta-feira (26), a paciente está com quadro de saúde estável e evoluindo bem. A mulher não apresenta mais febre nem tosse, e teve melhora considerável da dor de garganta. Ela continua sendo monitorada pela equipe do Huoc. O Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) já realizou os exames para influenza A e B, que deram negativo. O Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, referência nacional, fará os testes para outros vírus respiratórios e o específico para confirmar ou descartar Covid-19.
2º caso - O homem, 24 anos, pernambucano residente na Itália, notificado nessa quarta-feira (26). Ele chegou ao Estado no último dia 14, contudo, só veio apresentar sintomas (febre, tosse, dor de garganta e dificuldade de respirar) na última terça-feira (25). O jovem procurou o Huoc nesta quarta, onde vem sendo assistido. Por uma condição de saúde pré-existente (asma), ele está sendo mantido na UTI do hospital, mas com quadro estável e sem necessidade do uso dos suportes de UTI. Já foi realizada a coleta de material do homem para as análises laboratoriais pelo Lacen-PE e IEC.
3º caso - O homem, de 32 anos, é pernambucano com histórico de viagem à Itália. Chegou nessa segunda-feira (24). O caso foi notificado nesta quinta-feira (27). Sintomas relatados: febre, dor de garganta e coriza.
4º caso - Homem, de 37 anos, com histórico de viagem para Itália. Chegou no dia 20 de fevereiro. O caso foi notificado nesta quinta-feira (27). Sintomas relatados: febre, tosse, dor de garganta e dificuldade para respirar. “Este homem de 37 anos apresentou alteração no raio-x de tórax, que pode ser complicação da infecção por coronavírus, mas também por outros vírus que levam a um comprometimento respiratório. Por este quadro, ele está na UTI do Huoc”, explicou Demetrius Montenegro, médico infectologista do Oswaldo Cruz.
5º caso - Mulher, 34 anos, com histórico de viagem para Itália. Chegou no dia 17 de fevereiro. Sintomas relatados: febre, tosse, dor de garganta e cefaleia.
Um dia após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou que irá antecipar a campanha nacional de vacinação contra a gripe para o dia 23 de março. Segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, essa ação ocorrerá 23 dias antes do previsto. A confirmação foi dada nesta quinta-feira (27), durante coletiva, em São Paulo. A vacina, contudo, não previne contra o coronavírus.
O secretário de Saúde de Pernambuco relatou que a medida é um desafio imenso. “Seria ótimo antecipar a campanha, mas é um desafio imenso proposto pelo ministro da Saúde. Precisamos que os insumos cheguem (aos estados) a tempo para antecipar esta campanha. E tomara que ano que vem também já estejamos com a cepa de coronavírus dentro desta vacina”, disse André Longo.
Antes do aumento do números de casos suspeitos em Pernambuco, em coletiva nesta quinta-feira (27), o Ministério da Saúde confirmou que há 132 casos suspeitos de coronavírus sendo investigados no País. Os números foram apresentados nesta quinta-feira, em coletiva da pasta. Há apenas um quadro da doença confirmado oficialmente.
O ministério, contudo, ressaltou que esse número pode ser mais elevado, já que a equipe atualizou os dados até o meio-dia desta quinta. De acordo com o pasta, há outros 213 casos na fila para saber se eles se enquadram como suspeitos ou não. Outros 60 quadros já foram descartados em todo o País.
Das regiões brasileiras, apenas a Norte ainda não apresenta casos suspeitos. No Nordeste, são 15 quadros. Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam 37, 70 e 10 respectivamente. A média de idade dos pacientes suspeitos é de 36,2 anos. A maioria (53,3%) são mulheres, enquanto que os homens são 44,7%.
No mundo, segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde, são 81.109 casos confirmados, com 2.762 mortes, uma letalidade de 3,4%. Já são 37 países afetados pela doença.
A letalidade, contudo, cai fora da China, epicentro da doença. É de apenas 1,5% contra 3,5% do país asiático.
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Apesar da crescente procura da população por máscaras e álcool em gel, com receio da propagação do Covid 19, após o primeiro caso ser confirmado no Brasil, é preciso cautela. Isto porque o uso das máscaras é indicado apenas para pessoas que têm vínculo epidemiológico, ou seja, estiveram em países como China, Coreia do Sul e Itália nos últimos 14 dias e apresentam sintomas como tosse, febre e falta de ar. Em relação ao álcool em gel e à higienização das mãos, o cuidado envolve a forma e a frequência, visto que não há restrições e que as ações deveriam fazer parte da rotina.
"Não precisa sair todo mundo comprando máscara cirúrgica. Só quem tiver o vínculo epidemiológico e apresentar sintomas, ou quem tiver contato com este paciente. Mesmo que o caso seja confirmado no Estado, não significa que qualquer infecção de via aérea superior vá ser por coronavírus", explica o infectologista Gabriel Serrano. Sobre o álcool em gel, o médico alerta que a pessoa deve utilizá-lo quando não puder lavar a mão com água e sabão. A higienização das mãos deve ser feita cotidianamente e não apenas nos casos de doença, sempre que a pessoa tossir ou espirrar, antes e depois das refeições ou quando necessário.
Apesar da suspeita, o secretário de Saúde do Estado de Pernambuco, André Longo, tranquilizou a população, dizendo, nessa quarta-feira (26), que nem todos os casos precisarão de atenção hospitalar e relembra que o único caso confirmado do coronavírus no Brasil está recebendo acompanhamentos médicos em casa.
André Longo explica que o Governo do Estado está "vigilante" quanto aos possíveis casos de coronavírus e pronto para a contenção do vírus em Pernambuco. "Nós estamos observando a ampliação de casos suspeitos no Brasil, que quadruplicou, de ontem [terça, 25] para hoje [quarta, 26], e aqui em Pernambuco, nós tínhamos um caso suspeito ontem [terça] e nós notificamos mais dois casos ao Ministério da Saúde", argumenta.
Longo aconselha as pessoas que tenham, porventura, sintomas do novo coronavírus. Ele indica que os pacientes procurem as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e deixem os hospitais referência no tratamento do vírus para casos realmente suspeitos.
De acordo com o assessor da Secretaria Estadual de Saúde, Demetrius Montenegro, se os casos forem confirmados, os familiares e outras pessoas que tiveram contato com os pacientes receberão uma observação intensiva por 14 dias, que é o período prescrito para todos os pacientes.
O exame de contraprova realizado no brasileiro que chegou da Itália na sexta-feira (21) confirmou a infecção do homem de 61 anos pelo novo coronavírus. Nessa terça-feira (25), o paciente havia recebido um primeiro teste positivo para o vírus. Os casos suspeitos estão assim espalhados: Paraíba (1), Pernambuco (3), Espírito Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11).
“Agora é que vamos ver como este vírus vai se comportar em um país tropical, durante o verão”, disse hoje o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
“Como vai ser o padrão de comportamento deste vírus, que é novo e tanto pode manter o mesmo padrão de comportamento de transmissão que apresentou no hemisfério Norte, onde, nesta época, está fazendo frio”, disse o ministro.
Com a confirmação, o homem passa a ser oficialmente o primeiro caso da infecção no Brasil e na América do Sul. Ele voltou ao Brasil, após viajar à Itália, na região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de 9 a 21 de fevereiro de 2020. O país europeu já registrou mais de 220 casos e sete mortes pela doença.
O homem, que não teve a identidade revelada, deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com sintomas de infecção pelo novo coronavírus. Após avaliação e exames médicos, a presença do vírus foi confirmada. Apesar disso, segundo a unidade de saúde, o paciente foi enviado para casa, onde está "em isolamento respiratório, que será mantido durante os próximos 14 dias". Em nota, o Hospital Albert Einstein afirmou neste domingo que a equipe médica continuará monitorando o estado de saúde do paciente, assim como os das pessoas que tiveram contato próximo com ele.
Iniciado na China em dezembro de 2019, o surto já tem cerca de 80 mil casos pelo mundo e mais de 2,6 mil mortes. Desde o sábado (22), a explosão de casos de infecção pelo vírus na Itália tem elevado o alerta global sobre a doença, considerada emergência global pela Organização Mundial de Saúde (OMS).