Na campanha eleitoral deste ano, o deputado federal e candidato ao Senado João Paulo, 62 anos, destacou que entrava na disputa embalado por 44 anos de militância política. Hoje, ele colocará esse legado à prova. Caso se eleja senador, o petista, filho de um cobrador de ônibus e de uma dona de casa, incrementa o currículo. Se perder, ficará sem mandato até ao menos 2016.
A inclusão de João Paulo na chapa de Armando Monteiro (PTB) ocorreu após um debate interno do PT. Já candidato, fez uma campanha mais modesta do que o rival Fernando Bezerra Coelho (PSB) e esteve à frente das pesquisas na maior parte do tempo.
O cargo de maior destaque na carreira política de João Paulo foi o de prefeito do Recife. Foi eleito gestor da capital no ano 2000 após vencer Roberto Magalhães, então no PFL e favorito à época. Quatro anos depois, se reelegeu ao vencer Cadoca, hoje no PCdoB e então no PMDB. “João antecipou aquilo que vimos com Lula, que é um operário conquistar um cargo majoritário”, destaca Bruno Ribeiro, dirigente do PT estadual. O senador Humberto Costa reforça os elogios. “Ele representa um marco dentro da vida do PT, pois abriu espaço para que a esquerda voltasse a crescer em Pernambuco”, opina.
João Paulo foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e também o primeiro presidente da Central Única de Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE). Em 1979, ajudou na criação do PT no Estado. Em 1988, foi eleito como o primeiro vereador do PT no Recife. Dois anos depois chegou à Assembleia Legislativa. Nessa legislatura, envolveu-se em uma confusão com a Polícia Militar e teve três costelas quebradas e um dos pulmões perfurados. “Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida”, recorda. Ainda foi eleito deputado estadual em 1994 e 1998 e chegou à Câmara Federal em 2010.
Mas nem só de alegrias é a trajetória do petista. Candidatou-se deputado estadual em 1986, mas não foi eleito. Foi derrotado em 1992 e 1996 ao disputar as prefeituras de Jaboatão e do Recife, respectivamente. Em 2008, elegeu o sucessor João da Costa (PT) com quem rompeu politicamente depois. Tentou voltar à prefeitura como vice-prefeito de Humberto em 2012, mas perdeu para Geraldo Julio (PSB).