Com eleitores em todos os segmentos sociais – sobretudo nas classes C e D –, o ex-presidente Lula (PT) apresenta bons índices de aprovação na última pesquisa qualitativa do Instituto Uninassau. Mesmo ansiosos por novos rostos na política nacional, os pesquisados demonstraram ter uma memória positiva dos governos do petista, com possibilidade de oferecer uma nova chance. Lula está preso em Curitiba, no Paraná, desde o dia 7 de abril deste ano após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). Na última semana, o PT o reafirmou como pré-candidato da sigla à presidência da República.
A memória positiva do passado identificada no levantamento está bem exemplificada na avaliação da artesã Maria Cecília Vasconcelos, de 35 anos. “Quando eu era criança, nos governos de (José) Sarney, (Fernando) Collor, a vida econômica lá em casa não era boa. Havia apenas duas pessoas que tinham frequentado a universidade. A gente não tinha perspectiva de futuro, de educação, de melhoria salarial, de conquistar algo. Saindo da adolescência, com Lula presidente, eu e minhas irmãs, filhas de dois funcionários públicos estaduais, conseguimos entrar em universidades públicas, ter acesso a educação. Hoje, a situação voltou a ficar difícil, mas tenho esperança que isso pode mudar”, declarou.
A artesã disse ainda que poderia votar em alguém indicado por Lula, desde que o candidato fosse alinhado com o seu posicionamento político, à esquerda.
Na mesma medida em que é elogiado, porém, Lula é rejeitado. Entre eleitores das classes A e B, por exemplo, há muitos que reconhecem que “ele fez muito pelo Brasil”, mas “errou feio” ao – segundo eles – envolver-se com atos de corrupção e trabalhar para levar a também ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao poder.
“Eu acho que tem que mudar. Creio que o PT já passou muito tempo no governo e, se tudo está do jeito que está, tem que mudar. Temos que aceitar coisas novas, partidos novos, por isso não votaria em ninguém do PT”, disparou a dona de casa Daniella Vaz de Oliveira, de 23 anos. A eleição de Dilma, a corrupção e o fato de já ter tido oportunidade levam eleitores a demonstrarem rejeição a Lula.
Coordenada pelo cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto Uninassau, a pesquisa tem por objetivo identificar os sentimentos dos entrevistados em relação à política, economia e aos possíveis candidatos a presidente.
A metodologia é a qualitativa, com a realização de entrevistas com três grupos divididos por classe social. O grupo 1 com renda superior a R$ 5 mil (A/B), o 2 com renda entre R$ 2 mil e R$ 4 mil (C), e o 3 com renda de R$ 800 a R$ 1.200 (D).
O levantamento foi realizado no dia 23 de abril de 2018. Todos os participantes moram no Recife.
Confira abaixo o estudo completo: