O Partido dos Trabalhadores (PT) deverá apresentará até 15 de agosto o seu programa de governo ao candidato da sigla à Presidência da República que, pelas orientações do Diretório Nacional da Legenda, será o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira (25) o economista, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e responsável pelo programa petista, Márcio Pochmann.
Ele falou por pouco mais de uma hora e respondeu perguntas de clientes e sócios da GO Associados que, sob a mediação do presidente da instituição Gesner de Oliveira, está ouvindo todos os economistas dos pré-candidatos numa série chamada "Programas Econômicos dos Presidenciáveis". Antes da apresentação oficial, o programa será submetido à aprovação do PT, em 19 de julho, informou Pochmann.
O programa, ainda em construção, de acordo com o economista, contou na sua primeira fase com participação da ex-presidente Dilma Rousseff no que o PT chamou de fase de avaliação e autocríticas dos 13 anos de governo do PT. "Autocríticas, de certa forma não são muito comuns na nossa recente democracia. Humildemente, isso nos permitiu escolher melhor os caminhos a serem seguidos numa eventual nova experiência de governo", disse Pochmann.
Por estar em fase de construção, o programa do PT não tem ainda questões fechadas sobre vários temas de relevância, admitiu o economista e professor da Unicamp. Mas ele adiantou que o programa está abandonando as ideias calcadas em documentos e programas detalhistas do campo da esquerda que são, normalmente, teorias frias.
Nesse aspecto, explicou o petista, um próximo governo petista terá que ter em vista que no processo de globalização o Brasil não poderá continuar a se comportar como se fosse uma ilha. Terá que ser uma economia que olhe para o desenvolvimento do País, da América Latina e que, sobretudo, esteja conectado com que acontece no resto do mundo.
Para Pochmann, o programa que será apresentado será muito diferente de todos os programas de governo do PT desde que o partido começou a participar de eleições presidenciais em 1989.
O economista disse que o programa considera a tomada de medidas emergenciais para tirar o Brasil da recessão já nos primeiros meses de um eventual governo do PT. Tais medidas - ele não disse quais seriam - não dependeriam de aprovações do legislativo dado que o Parlamento no começo da legislatura ainda está tomando pé das coisas.
De acordo com Pochmann, as medidas seriam adotadas no sentido de dar solução às questões envolvendo o enfraquecimento do mercado interno e à problemática do desemprego. "Queremos começar o governo com medidas decisivas do ponto de vista de tirar o Brasil da situação de estagnação que se encontra", disse.
Também disse que o programa visa a adotar "medidas de transição de decisões tomadas pelo atual governo que, ao ver do PT, são decisões que se não são equivocadas são decisões com as quais o Partido dos Trabalhadores não compartilharia". Essas medidas de transição já dependeriam do Congresso, disse o economista.
Uma outra parte do programa, de acordo com Pochmann, trata de medidas estruturais que dialogam com os quatro anos de mandato. "Evidentemente que dependem do Legislativo, mas obviamente apontam para questões cruciais do ponto de vista da democracia brasileira, da soberania nacional, mas que viabilizasse o Brasil voltar a crescer de forma sustentável e integrada no mundo no qual nós estamos hoje situados", reiterou o economista do PT.