Candidatos com perfil mais populista estão na frente nas pesquisas de intenção de voto, mas o resultado mais provável é que um candidato de centro vença as eleições de 2018, avalia a consultoria inglesa de risco político, Control Risks. Um fator determinante para o resultado da eleição em outubro será como se desenvolvem as alianças partidárias, destaca relatório assinado pelo diretor no Brasil, Thomaz Favaro.
"Apesar de os escândalos de corrupção terem reduzido a popularidade dos partidos políticos, eles permanecem como principais agentes de poder para as eleições de 2018", ressalta o relatório. Uma das evidências disso é que 'outsiders' do mundo da política optaram por abandonar a disputa na pré-campanha, sinalizando que quem ainda dá as cartas no jogo são os tradicionais caciques. "Todos os pré-candidatos são políticos de careira", ressalta o diretor da Control Risks.
Favaro destaca que as pesquisas de intenção de voto têm mostrado uma disputa muito fragmentada e um grande número de pré-candidatos têm chance real de chegar ao segundo turno. Ao mesmo tempo, a avaliação da consultoria é que essas pesquisas subestimam o poder dos candidatos de partidos mais tradicionais. Para ele, as novas regras de financiamento de campanha, que banem as empresas privadas de participar, reforçam a correlação entre os recursos financeiros de um candidato e o tamanho de seu partido.
Quando a disputa eleitoral começar oficialmente em 16 de agosto, a Control Risks ressalta que os candidatos que representarem os partidos que dominam o Congresso, entre eles o PSDB e o MDB, terão mais recursos para financiar suas campanhas. "A falta de recursos vai representar um importante obstáculo para candidatos de partidos menores, como Jair Bolsonaro, Marina Silva e Álvaro Dias".
Além dos recursos financeiros, Favaro ressalta que outro fator a se monitorar de perto são as alianças que partidos como PSB, DEM, PSD e PP vão fazer, pois esse tipo de aliança além de garantir mais votos, ajuda a aumentar o tempo de exposição na TV para os candidatos.
A Control Risks ressalta que as pesquisas atuais são dominadas por dois candidatos com perfil populista, seja de direita (Jair Bolsonaro), seja de esquerda (Ciro Gomes). Mas a avaliação da consultoria é que esse discurso, nos dois lados, tende a ser suavizado caso um dos dois vá para o segundo turno como uma forma de se conseguir mais apoio de outros partidos.