Cansados da crise econômica, dos escândalos de corrupção e de se sentirem inseguros, milhões de brasileiros votam neste domingo (7) no candidato de extrema direita Jair Bolsonaro. O perfil de seu eleitorado é de homens com ensino superior completo, com faixas de renda elevadas, e também evangélicos.
Entre seus apoiadores de diversas classes sociais, os argumentos se repetem: ele vai impor a ordem e proteger os "cidadãos de bem" da delinquência, vai defender os valores da família tradicional e é um político "honesto", que não está envolvido em escândalos de corrupção.
"Bolsonaro se sai melhor entre os eleitores de classe alta e escolaridade elevada do que entre os pobres. E melhor entre os homens que entre as mulheres", aponta o cientista político Jairo Nicolau, baseando-se nas tendências de pesquisas anteriores à eleição.
Entre os eleitores com ensino superior completo, 45% declaram apoio ao candidato do PSL na última pesquisa Datafolha.
Nas famílias com renda inferior a dois salários mínimos, seu apoio é de 25% e se eleva a 51% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos.
Nicolau considera Bolsonaro um "verdadeiro fenômeno eleitoral", porque apesar de não conquistar a simpatia do nordeste, mostrou apoio "bem distribuído" em todo o território nacional.
Cerca de 49% das mulheres brasileiras afirma que nunca votaria nele - reflexo de um acúmulo de comentários machistas, homofóbicos e misóginos proferidos ao longo de sua carreira de deputado.
Apontado no começo da campanha como um nicho de resistência a Bolsonaro, o eleitorado feminino foi, contudo, mostrando-se mais permeável ao ex-capitão do Exército. Sua intenção de voto nesse segmento duplicou ao longo da campanha: passou de 14% em 22 de agosto a 30% neste sábado.
Esta média continua inferior à intenção de voto total para Bolsonaro (36% que chega a 40% de votos válidos, excluindo os votos em branco e nulos).
Através das redes sociais, onde concentrou toda sua campanha após ser esfaqueado, Bolsonaro se coloca como um candidato comprometido com a segurança das mulheres, defendendo porte de arma para elas.
"Independentemente das polêmicas, nós sabemos que é um candidato com ficha [judicial] limpa, e isso vai fazer diferença", disse recentemente à AFP Maria Aparecida, professora de 36 anos, que além da "honestidade" de Bolsonaro, aprecia suas propostas para a segurança.
Outro segmento em que Bolsonaro cresceu significativamente foi entre os eleitores evangélicos - que representam quase um terço da população brasileira.
Cerca de 26% dos fiéis das igrejas pentecostais e neopentecostais disseram que votariam nele em 22 de agosto. Mas após uma campanha ostensiva dos principais líderes de igrejas a favor de Bolsonaro, a adesão chegou a 42%.