O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (24), ao participar de sabatina na rádio CBN, que pode virar o resultado da eleição até Domingo (28). O petista acusou o adversário do PSL, Jair Bolsonaro, de já estar "loteando o governo", sem ter apresentado ou discutido suas propostas, em clima de "já ganhou". Afirmou, porém, que se a rejeição ao oponente continuar a aumentar e a dele a cair, como indicou a pesquisa do Ibope divulgada na terça-feira (23), Bolsonaro vai perder a eleição.
"Banqueiros, empresário já fazem romaria (ao Bolsonaro). Estão loteando o governo. Não tenho um milionário do meu lado", resumiu Haddad.
Questionado se não faria uma autocrítica a respeito do envolvimento de seu partido em casos de corrupção, Haddad disse que não passaria a mão na cabeça de quem errou, frisou que nunca teve relação com os envolvidos, mas cobrou autocrítica também de Bolsonaro.
"Não tenho um colega que desviou dinheiro (público). Em 18 anos de vida pública, ninguém nunca disse que deu um tostão para Fernando Haddad. Se teve gente do PT que errou, não vou ficar passando a mão na cabeça", afirmou.
O ex-prefeito reclamou que Bolsonaro não está sendo submetido ao mesmo nível de cobrança que ele. "Todo dia Bolsonaro diz um impropério e não fazem nada. Passam a mão na cabeça dele", declarou, questionando que não se pediu ao oponente que fizesse "mea-culpa porque apoiou torturador".
Haddad acusou o adversário de pinçar frases de seu programa, distorcer e colocar na internet, mas disse que a denúncia feita pelo jornal Folha de S.Paulo sobre o suposto esquema em redes sociais diminuiu o fluxo de notícias falsas. Mesmo assim, afirma Haddad, o eleitor está a quatro dias da eleição sem saber o que o Bolsonaro fez em quatro mandatos como deputado federal e vai escolher o próximo presidente "às cegas".
"Bolsonaro é um soldadinho de araque. O problema é o que está por trás dele", disse, mirando novamente no general Hamilton Mourão, vice na chapa do PSL, que na terça acusou equivocadamente de ter sido torturador durante a ditadura militar - reconhecendo, depois, que a informação, dada pelo cantor Geraldo Azevedo, não era verdadeira.
Para Haddad, o maior desafio do PT no segundo turno é "reconectar" as periferias das grandes cidades a seu projeto político. Ele considera, porém, que o partido saiu vencedor do primeiro turno.
"A rejeição ao PT já é menor do que em 2016. PT, PSDB E MDB foram os partidos que governaram e estiveram envolvidos (em denúncias de corrupção), mas PT foi o único sobrevivente", avaliou.