Ibope aponta que WhatsApp teve efeito limitado no 1º turno

De acordo com a pesquisa realizada acerca do tema, Bolsonaro e Haddad teriam sido afetados na mesma proporção
JC Online
Publicado em 24/10/2018 às 8:04
De acordo com a pesquisa realizada acerca do tema, Bolsonaro e Haddad teriam sido afetados na mesma proporção Foto: Foto: Pixabay


A mais recente do Ibope/Estadao/TV Globo divergiu do que vem sendo discutido nos últimos dias e trouxe uma nova perspectiva para o debate referente a influência do WhatsApp nas eleições presidenciais. O levantamento indica que o aplicativo de mensagens teria tido um impacto limitado no resultado do primeiro turno e pode ter afetado os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) na mesma proporção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Três em cada quatro eleitores ouvidos pelo levantamento afirmaram não terem recebido mensagens desfavoráveis a nenhum presidenciável na semana anterior ao primeiro turno. As respostas referentes a exposição a propaganda negativa no segundo turno não indicaram que um candidato tenha sido mais afetado que o outro.

Dos eleitores ouvidos pelo estudo, 73% afirmam não ter recebido conteúdo negativo sobre nenhum dos candidatos através do aplicativo. Dos entrevistados, 18% disse ter recebido críticas ou ataques contra Bolsonaro - o mesmo índice em relação a Haddad - enquanto outros 14% citaram conteúdo referente aos demais candidatos do primeiro turno.

Mesmo entre os 25% de eleitores que afirmaram ter recebido críticas ou ataques, o impacto das mensagens parece ter sido limitado. O Ibope perguntou somente a quem viu propaganda no WhatsApp se o conteúdo ajudou ou não a decidir o voto. Nesse caso, 75% disseram não, e 24%, sim. Em relação ao universo total da pesquisa, os que receberam campanha negativa pelo aplicativo e admitiram que isso influenciou seu voto são apenas 6%. 

Dentre esse universo dos 6% que foram atingidos pela campanha negativa no aplicativo, 39% afirmaram ter votado em Bolsonaro no primeiro turno, 35% em Haddad e 24% em outros candidatos, em branco ou nulo.

A maior exposição foi entre eleitores de 16 a 24 anos. Nessa segmentação, 30% admitiu ter recebido algum conteúdo negativo. Na faixa de 55 anos ou mais, apenas 15% foi exposto a esse tipo de mensagem. Entre os que cursaram até a quarta série do ensino fundamental, apenas 8% dos eleitores admitiram ter recebido ataques ou críticas contra candidatos pelo WhatsApp. O maior percentual foi entre aqueles que tem curso superior. No recorte, a taxa chega a 44%.

Difícil tirar conclusões definitivas

Inicialmente, os resultados da pesquisa podem enfraquecer a teoria de que o WhatsApp teria tido papel decisivo na decisão dos votos dos eleitores. No entanto, Marcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, ressaltou que eles não permitem conclusões definitivas. Para ela, é possível que os eleitores tenham dado respostas mais convenientes para preservar a própria imagem. Além disso, há o fator memória: muitos não são capazes de responder com precisão sobre o que aconteceu há três semanas. Não houve avaliação do impacto de conteúdo favorável aos candidatos.

Em outra pergunta, o Ibope questionou se quem recebeu conteúdo negativo procurou checar a veracidade das informações. Nesse caso, 56% disseram que sim e 44% que não. Para Marcia, o efeito "politicamente correto" pode ter pesado nesse item. Ela afirma que é comum que entrevistados evitem dar respostas que revelem más práticas ou fraquezas.

A pesquisa

O Ibope ouviu 3.010 eleitores de 21 a 23 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR?07272/2018.

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