Em horário eleitoral, Bolsonaro pede união e Haddad prega esperança

Ambos os programas começaram desconstruindo o adversário na boca de locutores
ABr
Publicado em 26/10/2018 às 16:37
Ambos os programas começaram desconstruindo o adversário na boca de locutores Foto: Foto: AFP e Ricardo Stuckert


No último dia do horário eleitoral gratuito, as campanhas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) adotaram estratégia semelhante. Ambos os programas começaram desconstruindo o adversário na boca de locutores. Em seguida, anunciaram o início da propaganda dos candidatos, que só então se dirigem ao eleitorado. Bolsonaro apelou para a união dos aliados. Haddad pregou a esperança.

Programa de Bolsonaro

O programa de Bolsonaro vinculou o PT à violência e ao desemprego, afirmando que ambos são resultados da corrupção e citou trechos das delações da Operação Lava Jato que envolvem o partido. “A corrupção é uma praga que tira comida da mesa dos brasileiros, deixa pessoas nas filas da saúde e tira crianças da escola”, disse o locutor.

Em seguida, afirmou que o PT foi responsável pelos dois maiores escândalos de corrupção no país nos últimos tempos: o mensalão, denunciado em 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), e o petrolão, investigado pela Operação Lava Jato. Segundo o PSL, R$ 47 bilhões foram desviados dos cofres públicos.

No programa eleitoral, o PSL atacou a chapa adversária dizendo que o PT e seus aliados mentem. Chamou Fernando Haddad de fantoche, destacando que ele foi a Curitiba “pedir a bênção do presidiário”, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seguida afirmou que Haddad foi o pior prefeito do país, não conseguiu se reeleger e responde a processos.

No programa, o PSL afirmou ainda que Haddad e sua vice, Manuela d’Ávila, são ateus e desrespeitam os fiéis indo a missas e cultos.

Para tentar reverter o apoio a Haddad no Nordeste, Bolsonaro responsabilizou o PT pelas obras inacabadas em todo o país e que isso prejudica especialmente o Nordeste, região que mais precisa de equipamentos públicos. O narrador conclui com “o povo acordou, PT, não”.

Classificado pelo narrador como “o presidente livre e independente”, Bolsonaro aparece pela primeira vez no programa contando como decidiu, há quatro anos, disputar a eleição presidencial. Segundo ele, entre as barreiras detectadas à época estava “vencer a máquina política e partidária”. Ele afirma que o acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito seriam restritos pelo tamanho do partido. “Eu não teria nada”, concluiu.

O candidato disse que agora vê possibilidade de vencer a eleição presidencial no próximo domingo e pediu que seus aliados se mantenham unidos. “Hoje, nós temos uma possibilidade concreta, real de vencermos. Para tal, precisamos nos manter unidos e combater as mentiras”, afirmou.

Bolsonaro disse ainda que é uma ameaça aos corruptos. “Meus irmãos, meus amigos, o momento é de união. Se for vontade de Deus, estarei pronto a cumprir essa missão”, concluiu.

Programa de Haddad

O PT abriu o programa de rádio lembrando que Bolsonaro fugiu a mais um debate com Haddad. Nesta sexta-feira ocorreria o debate da TV Globo, cancelado porque somente o petista confirmou presença. “Ele se esconde para não ter que assumir as suas ideias doentias e desequilibradas”, afirmou a locutora do programa.

No horário eleitoral, o PT destacou que o candidato do PSL desrespeita os pobres. O programa veiculou uma gravação atribuída a Bolsonaro, na qual ele diz que o pobre só serve para votar, “com o título de eleitor na mão e o diploma de burro no bolso”. O programa lembrou que Bolsonaro, na Câmara, votou a favor de propostas que prejudicam os trabalhadores.

Para o PT, “Bolsonaro é a velha política, aquela que você tanto quer mudar”. Na sequência foi veiculada uma entrevista do adversário de Haddad, na qual ele afirmou que usa o “auxílio moradia [concedido pela Câmara dos Deputados] para comer gente”.

O programa de Haddad insistiu que seu adversário defende a ditadura e a tortura, além de disseminar ódio e violência. O PT colocou no ar a fala de Bolsonaro em que ele prega a morte e a expulsão dos adversários do país: “vamos fuzilar a petralhada”.

A locutora afirmou ainda que Bolsonaro é adorador de Brilhante Ustra – coronel do Exército que comandou órgãos de repressão durante a ditadura militar. O programa destacou que Bolsonaro “não é o candidato do povo, mas dos milionários, não é o candidato da esperança, mas do salto no escuro, não é o candidato da segurança, mas da violência”.

Haddad aparece pela primeira vez na propaganda eleitoral ao lado de um menino negro. “Quero conversar com você que está angustiado com o futuro do país”, afirmou o candidato, que apareceu distribuindo rosas em atos da campanha eleitoral.

Segundo o candidato, o trabalhador brasileiro, mesmo nos momentos mais difíceis, não perde a coragem nem a fé para lutar por dias melhores. “Sei que você está descontente com tudo o que está acontecendo no Brasil e, por isso, quer mudança, quer um governo que não corte direitos, quer comida na mesa e salário justo”, afirmou.

Haddad afirmou que o brasileiro quer um presidente que defenda as riquezas do Brasil e o emprego, garanta segurança e paz e crie oportunidades de ensino para todos. “Você sabe que há pouco tempo tivemos um governo assim. Esse tempo bom está no coração e na memória dos brasileiros”, afirmou Haddad.

Focado na tese da virada, o candidato prometeu governar com honestidade e seriedade. “O Brasil precisa de um presidente que enfrente as dificuldades de cabeça erguida, que respeite todos, que governe para todos e cuide dos que mais precisam. Serei o presidente do diálogo que constrói pontes e garante a paz”, disse Haddad, agradecendo a Deus e aos que acreditam na mensagem de esperança.

 

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