Janot diz que recusa de extradição de Pizzolato cria precedente muito perigoso

O procurador-geral descartou a tese de que a negativa italiana tenha relação com a não extradição de Cesare Battisti
Do JC Online
Publicado em 29/10/2014 às 13:40
O procurador-geral descartou a tese de que a negativa italiana tenha relação com a não extradição de Cesare Battisti Foto: Foto: ABr


Ao comentar nesta quarta-feira (29) a recusa da Justiça italiana ao pedido brasileiro de extradição do ex-diretor de Marketing do Banco Brasil Henrique Pizzolato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demostrou preocupação com as condições do sistema carcerário do Brasil.

“A estratégia da defesa foi explorar alguns presídios que, na verdade, são enxovias (masmorras, calabouços), que conseguiu um precedente muito perigoso para o Brasil, que é de não conseguir extraditar ninguém da comunidade europeia”, alertou.

Por iniciativa própria, Janot, que completou um ano à frente do Ministério Público Federal em setembro, participou nesta quarta-feira de reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para prestar contas de sua atuação.

O procurador-geral da República descartou a tese de que a negativa italiana tenha alguma relação com o fato de o governo brasileiro não ter atendido ao pedido de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por crimes de terrorismo. Battisti vive hoje no Brasil.

“Foi uma longa negociação com a Justiça italiana, o Ministério Público italiano, a Advogacia-Geral da Itália, com o Ministério da Justiça da Itália e nunca, em momento algum, esse problema foi levantado, não foi jamais nem discutido sobre isso. O que eles têm interesse é que a gente eventualmente em casos tópicos proceda a (com a) reciprocidade e isso o governo brasileiro se compromete a fazer“, garantiu.

Para diminuir os problemas no sistema carcerário brasileiro, Janot disse que vai encaminhar aos parlamentares um conjunto de propostas feitas pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Conselho Nacional de Justiça com o apoio do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério da Justiça. Chamado Segurança sem Violência, o programa propõe a aplicação de políticas públicas com soluções de curto, médio e longo prazo.

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