Político hábil, Eduardo Braga (PMDB-AM) cobrou caro de Dilma Rousseff os favores de anos como líder da bancada governista no Senado e a suposta infidelidade da presidente ao apoiar a reeleição de José Melo (PROS) ao governo do Amazonas.
Conseguiu a nomeação para o Ministério de Minas e Energia, abaixo do qual estão as duas principais estatais, Petrobras e Eletrobras, além de setores chave para a economia, como a mineração.
Crises não faltarão em 2015: possível racionamento de energia, rombo financeiro na Eletrobras, leilões mal sucedidos alto preço da eletricidade.
Apesar de ser engenheiro elétrico, Braga corria por fora para ser indicado à cadeira do MME. Giles Azevedo, chefe de gabinete de Dilma, e Flávio Decat, presidente de Furnas, eram mais cotados.
O senador trabalhou sozinho pela indicação. Exigiu que o presidente da casa, Renan Calheiros, colocasse seu nome na lista que seria levada pelo partido à presidente.
Petistas não gostaram da movimentação. Alguns preferiam Azevedo à frente do Ministério, outros Decat.
O entendimento era de que Dilma precisava escolher "um craque" para a pasta, como disse um senador petista.
EXPECTATIVA - Ansioso por soluções, o setor elétrico espera que Braga utilize o diálogo como instrumento para superar a maior crise dos últimos dez anos.
O atual ministro, Edson Lobão, escondeu-se atrás de secretários e técnicos do governo no último ano.
"Braga é uma pessoa de diálogo, com ampla experiência administrativa e capacidade técnica para liderar o setor elétrico", diz Charles Lenzi, presidente da Abragel, associação de pequenas centrais hidrelétricas.
Nelson Leite, da Abradee, associação das distribuidoras, espera que Braga tenha êxito à frente do Ministério. "Especialmente em um momento de grandes desafios para o setor elétrico."
No setor privado, Braga tem mais aceitação do que os outros cotados. Azevedo é chamado por muitos de "carregador de pastas" e Decat, ligado à família Sarney, também não era bem visto.
Braga, agora, se propõe a assumir o espólio deixado pela aposentadoria de Sarney, que definia as indicações do PMDB para o setor elétrico.